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2015
BRASIL – Pela 1º vez, maioria dos brasileiros são contra a norma que permite reeleição
Pesquisa Datafolha mostra alterações contundentes de opinião da população a respeito de dois temas da reforma política, pacote hoje em discussão no Congresso.
Primeira: o apoio majoritário ao instituto da reeleição desapareceu. Segunda: a rejeição à obrigatoriedade do voto bateu o recorde da série de pesquisas a respeito.
O apoio maciço ao fim da reeleição é inédito. Na primeira pesquisa sobre o tema, em 2005, 65% foram a favor do direito do presidente concorrer a um novo mandato. Era véspera do ano eleitoral que teria o então presidente Lula concorrendo mais uma vez.
Dois anos depois, com Lula já reeleito, o apoio à reeleição recuou sete pontos, mas continuava sendo uma opinião compartilhada por mais da metade do eleitorado.
Agora, com a presidente Dilma Rousseff recém-reeleita batendo recorde de rejeição (65% a desaprovam), só 30% são favoráveis à reeleição.
Já os contrários pularam de 39% para 67% desde o último estudo. Opiniões sobre reeleição para governadores e prefeitos são quase idênticas.
“A rejeição a Dilma pesa, mas não só. Há um contexto muito forte de rejeição geral à política, que vem desde junho de 2013”, diz o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.
Na Câmara, a extinção da reeleição foi aprovada em maio pelo elástico placar de 452 votos a 19. Para vigorar, a regra precisa passar por nova votação na Casa e, depois, ser aprovada pelo Senado.
Outro resultado que coaduna com o sentimento de rejeição à política é o recorde de oposição ao voto obrigatório, que passou de 54% para 66% desde outubro de 2014.
O comportamento da Câmara, nesse caso, foi na contramão da opinião popular. A ideia do voto facultativo foi derrotada por 311 votos a 134.
O Datafolha também perguntou aos eleitores se eles iriam votar se não fosse obrigatório. De cada dez, seis responderam que não votariam.
É importante notar, nesse caso, que não se trata de uma opinião homogênea na sociedade. Se o voto fosse facultativo, são os mais pobres e os os menos escolarizados os que mais deixariam de votar.
O Datafolha ouviu 2.840 pessoas nos dias 17 e 18 de junho. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
Fonte: Folha de São Paulo.