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2017
CEARÁ – Ceará é 4º estado do país com maior número de casamentos de meninas menores de 19 anos.
Ceará ocupa a quarta posição no Brasil e a primeira do Nordeste no número de garotas casadas. As informações são parte da publicação “A Criança e o Adolescente nos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) editado pela Fundação Abrinq. O estudo, realizado com dados de 2015, mostra que 6.996 meninas com menos de 19 anos estavam casadas no período no estado. São 5 meninas com idade abaixo de 15 anos e 6.991 com idade entre 15 e 19 anos. No Nordeste, o número chegou a 33.868, e no Brasil, a 122.805.
O estudo mostra que os casamentos de meninas menores de 19 anos de idade correspondem a 10,8% daqueles ocorridos entre cônjuges masculino e feminino em 2015 no Brasil. As estatísticas oficiais registram apenas uma parte do problema, já que a maioria dos ‘casamentos’, são informais, especialmente nas comunidades mais vulneráveis. O documento usa dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A distribuição desses casamentos tem 40,3% dos seus casos na região Sudeste (49.513); na sequência, a região Nordeste (33.868) agrega pouco mais de um quarto (27,5%) desses casos. As regiões Sul (16.815), Centro-Oeste (11.996) e Norte (10.613) apresentam percentuais menos expressivos – 13,7% para a região Sul, 9,8% para a região Centro-Oeste e 8,6% para a região Norte – dos casamentos de meninas menores de 19 anos.
O documento da Abrinq cita pesquisa realizada pela ONG Instituto Promundo – em parceria com a Plan International Brasilm – intitulada ‘Ela Vai no Meu Barco: Casamento na Infância e Adolescência no Brasil’, que aponta os fatores que podem motivar o casamento infantil. Um fator importante, que não apareceu explicitamente no estudo, segundo a Abrinq, é o casamento motivado como meio de proteção à violência urbana.
Entre os ‘motivos’ para o casamento precoce citados pelo Instituto Promundo estão gravidez indesejada, o desejo de controlar a sexualidade das meninas e limitar comportamentos percebidos como “de risco” associados à vida de solteira; desejo de segurança financeira; expectativa de liberdade e desejo de sair da casa dos pais; bem como desejo dos futuros maridos de se casarem com meninas mais jovens, consideradas mais atraentes e de mais fácil controle do que as mulheres adultas.
O estudo destaca, ainda, que os papéis tradicionais de gênero predominam nos casamentos infantis: os homens são provedores, acessam mais os espaços públicos, têm liberdade para sair com amigos e a infidelidade é permitida. As meninas são cuidadoras, responsáveis pelas tarefas domésticas, limitadas ao espaço privado e afastadas de seus pares. Além disso, em muitos casos essas meninas interrompem ou abandonam os estudos.
Fonte: G1.ce