CEARÁ – Sem recursos?? Santa Casa de Fortaleza suspende novos atendimentos de média e alta complexidade

Postado por Bené Fernandes    Sem Comentários

A Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, um dos hospitais mais tradicionais do Ceará, anunciou a suspensão dos atendimentos de média e alta complexidade. A medida drástica ocorre em meio a uma crise financeira agravada desde a pandemia e afeta diretamente a realização de exames e cirurgias. Atualmente, apenas 28 pacientes seguem internados na unidade, que conta com mais de 160 anos de atuação no atendimento à população.

Segundo o provedor da Santa Casa, Vladimir Spinelli, a falta de recursos compromete toda a estrutura hospitalar. “Como nós estamos com dificuldades financeiras sérias — e são sérias mesmo — nós, para termos um paciente na Santa Casa, temos que ter um enxoval, enfermeiro, anestesista, médico, cama, remédio, alimentação, tudo. Quando a gente entra numa crise dessas, que começa a ter dificuldades com o enxoval, a gente não pode correr risco, que na realidade seria corrido pelo paciente”, explicou. Spinelli também criticou a defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), que há duas décadas não sofre reajuste: “Se fazemos uma cirurgia que custa R$ 2.500 e o SUS paga um pouco menos de R$ 1.000, temos que ir atrás de R$ 1.500 para cobrir o que prestamos”.

O impacto da crise se reflete nos números. Em 2019, a instituição realizou cerca de 18 mil cirurgias. Em 2023, esse número caiu para apenas 7 mil. Para garantir o mínimo de segurança aos pacientes que já estão sendo atendidos, a direção decidiu manter apenas os serviços clínicos em funcionamento. “Dói para a gente tomar uma decisão dessa, mas não podemos correr o risco de ter pacientes sofrendo consequências de um desabastecimento”, lamentou o provedor.

A aposentada Socorro Duarte, diagnosticada com câncer e operada na unidade em 2021, destaca a importância do hospital para quem depende do SUS. “Não tenho nem palavras para explicar, para agradecer a gratidão que eu tenho com a Santa Casa, que me acolheu num momento muito difícil”, declarou.

“Assim como eu fui acolhida, a Santa Casa precisa de contribuições para acolher outras pessoas.” Apesar do anúncio de uma parceria com o governo estadual em 2024, nenhum recurso foi liberado até agora. “Queremos que o governo do estado e do município nos apoiem. Numa restauração administrativa, numa revisão de recursos financeiros, porque o que a Santa Casa quer é salvar vidas”, finalizou Spinelli.

Fonte: GCMais.