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2022
BRASIL – Por NOBLAT: “Bolsonaro, o presidente mais bananeiro da história do Brasil”.
Se Bolsonaro quisesse votos para reeleger-se não insistiria com a mentira de que as eleições de outubro poderão ser fraudadas como foram as de 2018 para impedi-lo de ganhar no primeiro turno.
Insiste na mentira para acirrar os ânimos dos seus seguidores mais fanáticos, tumultuar o processo eleitoral, justificar atos de violência e, ao cabo, recusar-se a aceitar uma eventual derrota.
Se tiver força para tanto, dará o golpe mais original da história política do Brasil e, quem sabe, da história da humanidade, aquele anunciado há mais de ano por todos os meios de comunicação.
Se não tiver, irá para casa se dizendo roubado, prometendo voltar e com medo de ser preso. Donald Trump conta com um partido para voltar se quiser, Bolsonaro, sequer conseguiu construir um.
Na Venezuela, os militares se apoderaram de parte do aparelho de Estado e por isso apoiam o ditador Nicolás Maduro. Aqui, como meros parasitas do aparelho de Estado, eles são descartáveis.
Então, voltarão aos quartéis e baterão continência para o próximo presidente, contrafeitos ou não. E ainda dirão que jamais conspiraram para rasgar a Constituição porque são democratas.
Esse parece o desfecho mais provável dessa ópera de má qualidade encenada por um ex-capitão expulso do Exército e uma parcela de generais da ativa e da reserva, talvez a pior de sua geração.
O ato que teve como palco o Palácio da Alvorada foi puro nonsense. O presidente reuniu embaixadores de países estrangeiros para desancar o sistema eleitoral pelo qual se elegeu.
Pelo qual se elegeram seus filhos zero, seus aliados de raiz ou de ocasião e todos os seus adversários. Nenhum deles veio a público dizer que seu mandato é ilegítimo, e nem o presidente ousa dizer.
O que os embaixadores irão relatar aos seus governos? Que o chefe do governo junto ao qual são acreditados os chamou para adverti-los de que as próximas eleições do seu país poderão ser fraudadas?
Apresentou provas disso? Não? Não apresentou? Apresentou-as à Justiça e ela simplesmente as ignorou? Também não? Ele espera que os demais governos acreditem apenas na sua palavra?
Se acreditarem, o que ele espera que façam? Que saiam em sua defesa? Que desrespeitem a soberania do Brasil e intervenham? Intervenham, como? Com palavras ou com a força bruta?
Verdade que Bolsonaro foi aos Estados Unidos e apresentou-se ao presidente Joe Biden como o candidato que poderia melhor defender os interesses americanos no Brasil, ao contrário de Lula.
Biden mudou de assunto na mesma hora, e fontes do governo americano logo providenciaram o vazamento da informação. Bolsonaro não entendeu o recado, ou se entendeu, não ligou.
Uma das belezas da democracia é esta: você pode eleger um desqualificado qualquer para governar, um insano, até mesmo um palhaço, mas terá que aturá-lo até o fim do seu mandato.
Vê se aprende da próxima vez.
(Coluna do Ricardo Noblat/Metropoles)