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28
2021

CEARÁ – Policiais e delegados se aliam a traficantes e cobram até R$ 1 milhão para livrá-los da prisão

Investigação realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), aponta envolvimento de duas delegadas e 24 policiais civis em um esquema de tráfico de drogas, extorsão e fraude processual. O grupo, segundo o órgão investigador, teria se aliado a outros seis traficantes para obter vantagem ilícita no comércio ilegal de entorpecentes. De acordo com denúncia encaminhada pelo MPCE ao Poder Judiciário do Ceará, os agentes podem ter cobrado entre R$ 400 e R$ 1 milhão a um suspeito de tráfico de drogas para livrá-lo da cadeia.

O documento, de 298 páginas, ao qual O POVO teve acesso, ainda aponta a participação direta dos agentes da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) em crimes como tortura, extorsão, peculato, denunciação caluniosa, falsidade ideológica, falso testemunho e favorecimento pessoal. Diante dos indícios apresentados pelo órgão, a Justiça acatou parcialmente a denúncia, nesta segunda-feira, 27, e determinou o afastamento de todos os acusados de suas funções públicas. Eles também serão obrigados a usar tornozeleira eletrônica e terão seus sigilos bancário e fiscal quebrados para o aprofundamento das investigações.

Segundo o promotor de Justiça Adriano Saraiva, um dos responsáveis pela denúncia enviada ao Judiciário, os agentes envolvidos no esquema atuavam dentro da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (Denarc), departamento vinculado à PC-CE que tem como principal objetivo o combate à venda ilegal de entorpecentes. “Descobrimos, nas investigações, que existia uma organização criminosa formada por policiais, delegadas e informantes [traficantes] instalada dentro da própria Delegacia de Combate ao Tráfico de Drogas”, frisou o promotor.

Leia mais | Para livrar traficantes da prisão, policiais do Ceará cobraram mais de R$ 600 mil em extorsões

Ainda de acordo com Saraiva, a quadrilha era dividida em três núcleos: o das das delegadas – cujo objetivo, segundo ele, era a promoção pessoal das profissionais, por meio de abordagens fraudadas e falsas apreensões de drogas – o dos inspetores, que executavam as abordagens, e o dos informantes (traficantes), que era remunerado por fornecer informações que facilitassem a extorsão de grupos criminosos rivais. “Eles [agentes da PC-CE] procuravam um traficante que era desafeto de outro, com potencial de apreender muita droga, e esse traficante do grupo rival era abordado, o entorpecente era apreendido e muitas vezes se negociava a liberdade desse traficante preso em troca de dinheiro”, explica o promotor, acrescentando que, em alguns casos, os traficantes extorquidos também passavam a colaborar com a organização criminosa.

Com base em informações fornecidas por traficantes, os agentes realizavam apreensões de grandes quantidades de drogas, mas retiam parte do material para posteriormente introduzi-lo no comércio ilegal de entorpecentes. “Os policiais, muitas vezes, faziam uma apreensão de uma quantidade ‘x’ de drogas, colocavam no inquérito uma quantidade bem menor e ficava com a outra parte. Esse mesmo entorpecente voltava para o mercado ilícito. Eles eram encarregados de combater o tráfico de drogas, mas na verdade estavam exercendo o tráfico, através da revenda dessa droga”, explicou o promotor Patrick Oliveira, também responsável pela denúncia apresentada à Justiça.

Participação das delegadas

O documento do MPCE afirma que a delegada Patrícia Bezerra, uma das acusadas de chefiar o grupo criminoso, atuava como “embaraçadora” de investigações relacionadas a traficantes. Ela tinha como ‘braço direito’ a também delegada Cláudia Nery, que de acordo com a denúncia agia diretamente para proteger integrantes de organizações criminosas.

Segundo o promotor Rinaldo Janja, coordenador do Gaeco, os ilícitos teriam ocorrido entre 2016 e 2018. As suspeitas começaram a ser apuradas no ano seguinte, a partir de dados obtidos nos celulares dos investigados, depois de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal no âmbito da Operação “Vereda Sombria”, que mirava suposta ligação entre traficantes e agentes da Polícia Civil do Ceará. Por envolver agentes de órgão estadual, o inquérito foi remetido para o MPCE, que desde então passou a coordenar a força tarefa.

O órgão ministerial solicitou a prisão preventiva dos 26 agentes da PC-CE e dos outros seis criminosos envolvidos no esquema, mas não foi atendido pela Justiça.

Posicionamentos

O POVO procurou a Associação dos Delegados de Polícia do Ceará (Adepol-CE), por meio de aplicativo de mensagem e chamada telefônica, mas não obteve pronunciamento da entidade a respeito do assunto até o fechamento desta matéria.

Já o Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Ceará (Sinpol), informou, por meio de sua assessoria jurídica, que parte dos policiais citados na denúncia ainda aguardam notificação formal sobre o acatamento da ação pela Justiça. “O Sindicato buscará garantir que todos os direitos constitucionais dos policiais civis sejam resguardados, sobretudo o da ampla defesa e do contraditório, bem como espera que os fatos sejam devidamente esclarecidos no Poder Judiciário”, afirmou o advogado Kaio Castro, coordenador jurídico da entidade.

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública do Ceará (CGD) disse, através de nota, que ainda não teve acesso à denúncia apresentada pelo MPCE e que já solicitou ao órgão a íntegra do documento para posterior análise e possível adoção de medidas na esfera administrativa contra os investigados.

Colaborou Angélica Feitosa

Saiba quem são os agentes da PC-CE investigados:

Anna Cláudia Nery da Silva – Delegada

Patrícia Bezerra de Souza Dias Branco – Delegada

Anderson Rodrigues da Costa – Inspetor

André de Almeida Lubanco – Escrivão

Antônio Chaves Pinto Júnior – Inspetor

Antônio Henrique Gomes de Araújo – Inspetor

Antônio Márcio do Nascimento Maciel – Inspetor

Cristiano Soares Duarte – Inspetor

Edenias Silva da Costa Filho – Inspetor

Eliezer Moreira Batista – Inspetor

Fábio Oliveira Benevides – Inspetor

Fabrício Dantas Alexandre – Inspetor

Francisco Alex de Souza Sales – Inspetor

Gleidson Costa Ferreira – Inspetor

Harpley Ribeiro Maciel – Inspetor

Ivan Ferreira da Silva Júnior – Inspetor

João Filipe de Araújo – Ex-inspetor

José Airton Teles – Inspetor

José Amilton Pereira Monteiro – Inspetor

José Audízio Soares – Inspetor

Karlos Ribeiro Filho – Inspetor

Madson Natan Santos da Silva – Inspetor

Petrônio Jerônimo dos Santos – Inspetor

Rafael de Oliveira Domingues – Inspetor

Raimundo Nonato Nogueira Júnior – Inspetor

Walkey Augusto Cosmo dos Reis – Inspetor

Fonte: O POVO.

About the Author: Bené Fernandes

Radialista com mais de 25 anos de militância em Sobral(CE), e agora Jornalista Profissional, sob o Registro- 01657 MTb - datado de 23/12/2004. Trabalho atualmente na Rádio Paraíso FM-101,1 Mhz, onde apresento o Programa HORA DA NOTÍCIA - no horário de 11hs ás 13 horas. Nas tardes da Paraíso FM levo alegria de descontração no Programa FORRONEJO de 15hs ás 17 horas. Se ligue com a gente e venha curtir o melhor da informação e do entretenimento musical.

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