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2021
CEARÁ – FÉ: ‘O que está me sustentando é a fé’, diz padre que perdeu pais e irmãos na mesma semana por Covid-19
Pároco na Igreja São Pedro e São Paulo, no bairro Quintino Cunha, em Fortaleza, o padre Gilvan Manuel da Silva, 40, perdeu quatro familiares em uma mesma semana devido às complicações da Covid-19. No último dia de março, o pai, Manoel Anísio, de 83 anos, e o irmão, Vicente Manoel, aos 52, foram os primeiros a falecer. Quatro dias depois, em 4 de abril, foi a vez de receber a notícia do óbito da mãe, Antonia Rosa (83).
No dia seguinte, a irmã, Rosa Maria da Silva (60), também não resistiu. Os pais e a irmã faleceram no Piauí e o irmão em São Paulo. Todos estavam internados. “O que está me sustentando é a fé”, revela o padre, ao mencionar as perdas.
Segundo o padre, o primeiro infectado foi o irmão, que mora em São Paulo. “Ele que ficou mais grave, foi intubado e faleceu. Outros dois irmãos também tiveram, mas de forma leve. Depois, já no Piauí, minha irmã pegou e, sucessivamente, o meu pai e a minha mãe. Os quadros clínicos deles foram iguais: muita falta de ar e necessidade de hospitalização. Nenhum tinha comorbidades”, pontua.
O pároco relembra que os familiares não chegaram a tomar a vacina devido ao processo lento em Piripiri, interior do Piauí, onde viviam. “Quando foi disponibilizado para a idade deles na cidade, eles já estavam internados”.
A morte abala as estruturas de qualquer pessoa, seja médico, padre. Já é humanamente sem resposta. Não há nada que preencha a falta daquela pessoa que se foi. Eu fico muito dividido entre o padre, o filho e o irmão, já que foram muitas perdas em um período curto e significativo que é a Semana Santa”
“Como sacerdote, hoje eu me sinto renovado pela igreja, pelas mensagens dos amigos, pelo consolo, e eu tenho percebido como isso é bom de receber, já que humanamente é muito difícil aceitar essa separação repentina”, declara o Padre Gilvan.
O sacerdote é natural de Piripiri, no Piauí, atua na Igreja São Pedro e São Paulo e faz parte de uma congregação missionária dos Padres Vicentinos. “Venho de uma família muito católica, tanto que decidi ser padre aos cinco anos e hoje estou aqui. Todos sempre me apoiaram. Em 2002, passei cinco anos em Fortaleza, um ano em Petrópolis, quatro anos em Belém e depois voltei para Piripiri para a ordenação”, conta.
Fonte: Diário do Nordeste.