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2020
CEARÁ – Fortaleza: derrota vem com honra e serve de lição contra Independiente.
“Tuas glórias do passado para sempre vou carregar”. De canto popular e imponente, a mensagem tricolor foi ecoada em Avellaneda: os 101 anos da história do Fortaleza são gigantes, mas a batalha pelo domínio da América começou. Quis o destino que o maior jogo do futebol cearense ocorresse distante, na Argentina. E direto do estádio Libertadores de América, ontem, o inédito se escreveu. Na jornada pela Sul-Americana, o Leão foi aguerrido diante do Independiente, o “Rei das Copas”. O placar: 1 a 0, derrota que abate, mas não diminui a saga leonina, na verdade, o mantém vivo.
O resultado foi tremendo, a atmosfera também. Dos 45 mil lugares da casa dos diabos, 4.500 eram leoninos. O suficiente para transformar o reduto adversário em lar. Afinal de contas, trata-se do êxtase: dos caminhos definhados do interior brasileiro ao solo internacional, da Série C à um torneio da Conmebol.
Em si, quando sequer se imaginava ser surpreendido, o torcedor se deparou com a viagem, as malas prontas e até a escalação, até então inovadora. Para encarar os Rojos, o técnico Rogério Ceni – campeão do torneio em 2012 – foi ousado ao montar o plantel no 4-2-4 sem centroavantes. A formação leonina foi um prelúdio da estratégia: voraz por conquista, o objetivo era transformar o duelo em correria.
Logo, nada de covardia ao debutante cearense. Tudo porque o time tinha a devida dimensão do desafio, verdadeiramente, jogava por amor. Representava um Estado e milhares que nunca o deixaram cair ou sequer se sentir sozinho. Assim a recompensa centenária foi sair vivo, mesmo que o resultado seja adverso. Pelo regulamento, o mesmo placar na volta, dia 27 na Arena Castelão, o conduz aos pênaltis. Se for dois gols de diferença, a classificação é do Fortaleza.
E o ânimo será renovado porque sequer houve pressão evidente. Se teve, o Leão não sentiu, jogou solto. Foi com um coletivo organizado e muita entrega que o time até se sobrepôs ao rival tão tradicional, com os inúmeros títulos continentais nas costas. Ali, o Leão dominou o campo, se impôs taticamente e, sim, criou as principais chances de gol.
Nisso tudo, a falha capital foi o desfecho no último terço. A criação veio, inclusive em excesso para quem era apenas visitante, no entanto, uma atrás da outra, a equipe ia perdendo a possibilidade de abrir o placar. Algo que chega a ser incomum, foi quase um pecado por displicência: 13 finalizações e seis oportunidades nítidas de balançar a rede, incluindo uma de Romarinho que, sozinho, sem goleiro, se atrapalhou no momento de chutar quase sobre a linha.
Ficha técnica
Independiente-ARG 1×0 Fortaleza
Local: Estádio Libertadores de América, em Buenos Aires, Argentina.
Data: 13/03/2020
Horário: 21h30
Competição: Copa Sul-Americana
4-4-2 | Independiente: Campaña; Bustos (Cecílio Domínguez), Alan Franco, Barboza e Sánchez Miño; Lucas Romero, Domingo Blanco, Soñora e Benítez (Brian); Silvio Romero e Leandro Fernández (Velasco).
4-2-4 | Fortaleza: Felipe Alves; Gabriel Dias, Quintero, Paulão e Bruno Melo; Felipe e Juninho; Mariano Vázquez, Osvaldo (Marlon), Romarinho (Tinga) e David (Michel).
(Diário do Nordeste).