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2022
BRASIL – No Brasil, um em cada 4 brasileiros não consegue pagar as contas no mês.
As finanças das famílias brasileiras estão mais deprimidas desde o início da pandemia e 1 em cada 4 não consegue bancar as despesas mensais. Nesse recorte, as pessoas não possuem renda suficiente para arcar com as despesas de alimentação e moradia. Isso é o que mostra levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Os dados revelam: 71% dos brasileiros dizem que sua situação econômica atual é igual ou pior do que há três meses. A maioria dos brasileiros (44%) até consegue pagar as suas despesas mais básicas, levando em consideração o essencial. O problema é que não sobram recursos para reserva, investimentos ou mesmo para o lazer.
O estudo estima que apenas 29% de toda população do País apresenta condições para poupar alguma quantia no mês. Enquanto isso, 25% dos trabalhadores deixaram de comprar remédios e 19% tiveram que cancelar o plano de saúde.
Em meio ao cenário, em que muitos se privam de consumir produtos e serviços, o nível de endividamento das famílias piora. Ainda ontem, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), medido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revela que 78% das famílias estavam endividadas em julho, um recorde histórico.
Do total, 29% afirmou que estava com contas em atraso. Desses, 10,7% confessou que não teria como pagar os compromissos assumidos. E 22% estão com mais da metade da renda comprometida com dívidas
“A alta dos indicadores de inadimplência, após moderação e queda entre abril, maio e junho, indica que as medidas extraordinárias de suporte à renda, como os saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS, aparentemente tiveram efeito restrito ao segundo trimestre no pagamento de contas e/ou dívidas já atrasadas”, avalia a CNC.
O cartão de crédito continua sendo o principal vilão, mas a proporção de dívidas com cartões vem retrocedendo. Segundo a CNC, porque os consumidores estão buscando opções mais baratas de crédito.
O cenário adverso assusta os consumidores. O administrador Júnior Mesquita, 40, afirma que as idas ao supermercado e aos postos de combustíveis foram recheadas de surpresas desagradáveis desde o início da pandemia. As altas de preços constantes fez com que o consumo diminuísse e o custo aumentasse.
Ele celebra o fato de ter mantido o emprego e o nível de renda durante desde a pandemia, mas o aumento de custos básicos o fez rever alguns gastos. “Como aumentaram os custos de alimentação e energia, diminuíram os gastos supérfluos, como os gastos com uma saída, festas, aniversários. Tentando economizar em tudo quanto for possível.”
Sobre o lazer, revela sua tática: “Escolho um fim de semana ou dois para sair, o restante é ficar em casa. O lazer fica por conta das opções no condomínio mesmo”.
A vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Desirée Mota, o quadro macroeconômico exige readequações no orçamento familiar.
“É preocupante saber que há uma parcela representativa da população nessa situação. Estamos ainda em patamar de alta da inflação, principalmente de bens prioritários, como a alimentação, o que vem repercutindo mais no bolso do consumidor”, afirma.
Desirée entende que o encarecimento de produtos deve ser combativo a partir da organização financeira.
A especialista em finanças pessoais recomenda que os consumidores tomem cuidado com os cartões e com as opções de crédito que escolhem. Outra dica é planejar as finanças pessoais para além da emergência de momento, reservando algum recurso que sobre no orçamento para uma emergência ou futuras despesas já certas, como as contas fixas de início de ano.
Fonte: O POVO.