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2020
BRASIL – EDUCAÇÃO: Carlos Decotelli deixa MEC após revelações de falsidades em currículo.
O ministro da Educação, Carlos Decotelli, anunciou o pedido de demissão nesta terça-feira (30), cinco dias após ser nomeado para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro.
O agora ex-ministro confirmou a saída à Folha. A demissão foi a maneira encontrada pelo governo para encerrar a crise criada com as falsidades no currículo divulgado por Decotelli, o terceiro ministro da Educação da gestão Bolsonaro.
Para dirigir o MEC, o mais cotado, por ora, é Anderson Correia, atual reitor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). São cogitados também o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, o ex-assessor do Ministério da Educação Sérgio Sant’Ana e o conselheiro do CNE (Conselho Nacional de Educação) Antonio Freitas, que é pró-reitor na FGV e cujo nome aparecia como orientador do doutorado não realizado por Decotelli.
Constava no currículo de Decotelli um doutorado pela Universidade Nacional de Rosario, da Argentina. O reitor da instituição, Franco Bartolacci, negou que ele tenha obtido o título, informação antecipada pela coluna Mônica Bergamo. Há ainda sinais de plágio na sua dissertação de mestrado.
Em declaração na noite de segunda-feira (29), após encontro com Bolsonaro, ele negou o plágio e disse que continuava ministro. Sua nomeação foi publicada na quinta-feira (25) no Diário Oficial, mas a posse no cargo ainda não havia ocorrido.
Em seu currículo, Decotelli escreveu ter feito uma pesquisa de pós-doutorado na Universidade de Wuppertal, na Alemanha, que informou que o novo ministro não possui título da instituição.
Em nota divulgada na noite de segunda-feira (29), a FGV (Fundação Getúlio Vargas) negou que o economista tenha sido professor ou pesquisador da instituição.
A informação também constava em seu currículo, inclusive no texto divulgado pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) quando assumiu a presidência do fundo em fevereiro do ano passado.
“A FGV destruiu a minha imagem criando o fake de que nunca fui professor; foi a pá de cal”, disse Decotelli à Folha. Ele encaminhou fotos de prêmios recebidos pela FGV como professor e uma tabela de aulas ministradas.
Para o agora ex-ministro, diante de mais esse episódio, não haveria outra alternativa que não fosse pedir demissão.
A nova controvérsia irritou Bolsonaro, segundo assessores, que consideraram a permanência de Decotelli insustentável.
Com a repercussão negativa e a posterior demissão do ministro, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Augusto Heleno, afirmou que ocupantes de cargo no governo tem “antecedentes criminais, contas irregulares e pendentes, histórico de processos e vedações do controle interno” examinados. “No caso de Ministros, cada um é responsável pelo seu currículo”, afirmou, em nota publicada no Twitter.
Fonte: Folha de São Paulo.