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2020
BRASIL – Ações na Justiça tentam barrar posse de amigo do clã Bolsonaro no comando da PF.
Ações na Justiça tentam impedir a posse do delegado Alexandre Ramagem na diretoria-geral da Polícia Federal. Os pedidos feitos por partidos e movimentos políticos alegam “abuso de poder” e “desvio de finalidade” na escolha do novo chefe da corporação.
Nesta terça-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) oficializou, via Diário Oficial, o nome de Ramagem para o cargo de diretor-geral da instituição. A posse, contudo, ainda não está marcada.
Até as 16h às desta terça, ao menos cinco ações pediam a suspensão da nomeação de Ramagem alegando que o chefe do Executivo praticou “aparelhamento particular” ao indicá-lo para a função.
A base dos pedidos é a denúncia do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que pediu demissão na última sexta-feira (24) alegando interferência do presidente da República na Polícia Federal.
Moro afirmou que Bolsonaro queria ter uma pessoa do contato pessoal dele no comando da PF para poder “colher informações” e “relatórios” diretamente. O ex-ministro afirmou que Bolsonaro tentava, assim, influenciar investigações em curso.
Ramagem é homem de confiança do presidente e de seus filhos. Ele se aproximou da família Bolsonaro durante a campanha de 2018, quando comandou a segurança do então candidato a presidente após o episódio da facada contra Bolsonaro.
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) é um dos seus principais fiadores e esteve diretamente à frente da decisão que o levou ao comando da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) em junho passado.
O PDT entrou com um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) alegando “abuso de poder por desvio de finalidade” com a nomeação do delegado para o posto. O relator será o ministro Alexandre de Moraes.
Um outro caso relatado por Moraes está entre os motivos que levaram a demissão do antigo diretor geral da PF Maurício Valeixo.
Em trocas de mensagens apresentada por Moro, o presidente Jair Bolsonaro pede a troca de comando na PF com base em uma informação de que a corporação estaria investigando deputados bolsonaristas. Em resposta, Moro diz que a investigação é conduzida pelo ministro Moraes.
“Este inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre no STF, diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas. Conversamos em seguida às 9h”, em referência ao encontro que teriam na manhã de quinta-feira quando o presidente confirmou a troca no comando da PF desencadeando a crise que levou a saída do ex-juiz da Lava Jato.
Fonte: Folha de São Paulo.