A Justiça Eleitoral decidiu cassar os diplomas de Carlos Alberto Queiroz Pereira, o Bebeto Queiroz (PSB), e Bruno Jucá Bandeira (PRD), que são o prefeito e o vice-prefeito eleitos de Choró(CE), respectivamente.
A decisão foi do juiz Welithon Alves de Mesquita, da 6ª Zona Eleitoral de Quixadá. O magistrado analisou ação que apontou aumentos salariais irregulares e contratações na Prefeitura de Choró feitas em período vedado pela legislação eleitoral, com objetivo de favorecer os candidatos apoiados pelo ex-prefeito Marcondes Jucá, pai de Bruno Jucá. Mesquita entendeu que houve abuso de poder político e econômico durante a campanha.
A medida ainda pode ser questionada através de recurso na segunda instância, junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE). Se a decisão da primeira instância não for revertida, novas eleições devem ser realizadas no município do Sertão Central cearense.
Decisão do juiz Welithon Alves de Mesquita também determinou que Bebeto e Bruno fiquem inelegíveis pelo período dos próximos oito anos e paguem multa no valor de R$ 53.205.
Bebeto Queiroz é considerado foragido desde o final do ano passado. Ele foi eleito para governar o município de Choró em 2024, tendo recebido 61% dos votos válidos. No entanto, o político foi impedido de tomar posse em 1º de janeiro de 2025. Quem assumiu de forma interina o comando da cidade foi o presidente da Câmara de Choró, Paulo George Saraiva (PSB), o “Paulinho”.
O prefeito eleito de Choró é alvo de duas operações que investigam crimes com o dinheiro público. Bebeto tem um mandado de prisão preventiva pela Operação Vis Occulta, da Polícia Federal (PF), deflagrada em dezembro de 2024, que investiga um esquema de corrupção envolvendo desvio de recursos de emendas parlamentares para compra de votos em cidades no Ceará.
Bebeto seria o líder de um esquema de “caixa dois” que incluia contratos públicos direcionados para empresas vinculadas a uma organização criminosa. Em contrapartida, recursos de emendas parlamentares seriam destinados ao financiamento ilícito de campanhas eleitorais em cidades cearenses.
Outra operação é a Ad Manus, deflagrada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) em novembro de 2024. Em parceria com Polícia Civil do Ceará (PCCE) e PF, a ação apura irregularidades em contratos de prestação de serviço para abastecimento de veículos na Prefeitura de Choró.
Por essa operação, Bebeto chegou a ser preso em novembro de 2024, mas depois foi solto com o término do mandado de prisão.
Em janeiro de 2025, a 6ª Zona Eleitoral de Quixadá determinou que o prefeito e o vice eleitos não fossem empossados. Além disso, o MPCE tinha pedido a cassação do registro de candidatura, sob a justificativa de que ambos os políticos foram beneficiados por práticas proibidas pela legislação eleitoral.
Antes de ficar foragido, Bebeto se manifestou em nota no último dia 3 de dezembro. Ele comentou sobre a Operação Ad Manus, afirmando “total inocência” em relação aos fatos investigados pelo MP estadual.
“Confiante na justiça, o prefeito Bebeto Queiroz se colocou imediatamente e integralmente à disposição das autoridades competentes para esclarecer todos os fatos, tendo cumprido os 10 (dez) dias de prisão temporária, em razão da ordem judicial expedida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, colaborando totalmente com o andamento da investigação”, diz o texto, divulgado nas redes sociais do político.
A nota também diz que a defesa de Bebeto vai analisar “todo o contexto da investigação que lastreou a decisão judicial amplamente noticiada, com a finalidade de lançar luz sobre todos esses eventos, esclarecer para a sociedade a sua total absoluta isenção e inocência, além de continuar colaborando com as autoridades competentes para esclarecer todos os fatos”. A reportagem não conseguiu contato com o gestor nem sua equipe para obter mais informações sobre as novas medidas contra Bebeto.
(Por Igor Magalhães)