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2024
CEARÁ – Monumento da beata Menina Benigna, com 26 metros de altura, começa a ser montado em Santana do Cariri
Inhumas, distrito de Santana do Cariri e local onde Benigna Cardoso da Silva – a beata Menina Benigna – nasceu, vai contar com uma ampla área requalificada e adequada para receber as tradicionais peregrinações e romarias em homenagem à mártir católica. A construção do complexo religioso encontra-se com mais de 90% de apronto e o monumento que retrata a imagem da beata começou a ser erguido no último dia 15.
A estrutura tem aproximadamente 26 metros de altura. As peças que compõem o monumento foram esculpidas ao longo dos últimos meses por uma equipe de artesãos no município de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e transportadas ainda no fim do ano a Santana do Cariri.
Ao todo, são cerca de R$ 15 milhões investidos no equipamento que fica sob supervisão da Superintendência de Obras Públicas do Ceará (SOP). A entrega do equipamento está prevista para este semestre.
Segundo o gerente do 10º Distrito Operacional da SOP, José Muniz, 90% da obra já está concluída.
CONHEÇA A HISTÓRIA
Estudante dedicada, católica envolvida nas atividades de sua paróquia em Santana do Cariri (CE) e assídua leitora da Bíblia, Benigna Cardoso encontrou na fé, desde a mais tenra idade, a força para sobreviver. Não conheceu o pai, que morreu antes que ela nascesse, em 1928, e perdeu a mãe com apenas um ano de idade, tendo sido adotada, assim como seus três irmãos, pelas senhoras Rosa e Honorina Sisnando Leite.
Aos 12 anos, começou a ser assediada por um rapaz. Diante das frequentes recusas de Benigna, ele armou uma emboscada para abusar sexualmente da menina. Ela resistiu, e, por defender a sua castidade, foi morta por ele a facadas quando se encaminhava para uma fonte de água. Era o dia 24 de outubro de 1941, e Benigna, já com 13 anos, foi martirizada.
Passados exatos 81 anos, na tarde da segunda-feira, 24, cerca de 60 mil pessoas lotaram o Parque de Exposições da cidade de Crato (CE) para participar da solenidade em que Benigna foi beatificada, já sendo reconhecida como a “Heroína da Castidade”, uma virtude moral que, conforme o Catecismo da Igreja Católica (CIC), é concedida a todo batizado pelo Espírito Santo, para que leve uma vida casta conforme o seu estado de vida, sendo uma destas formas a virgindade (cf. CIC 2345, 2348 e 2349), que Benigna defendeu até a morte.
“Na tarde da sexta-feira, 24 de outubro de 1941, Benigna foi à fonte, em busca de água. Conhecia o caminho para matar a sede, servir aos da casa, regar as plantas. Lugar da água, da vida, tornou-se lugar da agressão, da violência, torna-se lugar da morte. Lugar da morte, fonte de resistência, de transparência, de fortaleza, de dignidade. Junto à fonte, Benigna oferece a sua vida na fidelidade a Jesus”, disse o Cardeal Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus (AM), enviado pelo Papa Francisco para presidir a solene liturgia da menina Benigna Cardoso.
‘PREFERIU A MORTE A ROMPER COM A SUA DIGNIDADE’
Após a leitura da biografia da jovem leiga mártir, Dom Leonardo leu a carta apostólica assinada pelo Papa Francisco na qual o Pontífice acolhe o pedido dos bispos para declarar a menina Benigna como Bem-Aventurada e estabelece o dia 24 de outubro como data de sua memória litúrgica.
A promulgação pela qual o Papa autorizou a beatificação da “Heroína da Castidade” foi assinada em 2 de outubro de 2019. A cerimônia de beatificação estava prevista inicialmente para ocorrer em 2020, mas foi adiada devido à fase mais aguda da pandemia de COVID-19.
Após a leitura da carta apostólica, a relíquia de Benigna foi levada ao altar por duas de suas irmãs de criação, as senhoras Iranir e Terezinha Cisnando, e por alguns jovens, enquanto se entoava o hino à nova Beata.
“O seu amor, a sua misericórdia, a levou ao martírio”, destacou Dom Leonardo, ao recordar o assassinato de Benigna, vítima de uma tentativa de abuso sexual, mais especificamente de feminicídio, como tal crime é chamado atualmente.
Fonte: Repórter Lúcio Filho/Santana do Cariri.