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2023
BRASIL – Marcha das Margaridas: 100 mil mulheres agricultoras se reúnem em Brasília a partir desta terça (15)
Cerca de 100 mil mulheres se reúnem em Brasília nesta terça (15) e quarta-feira (16) para a 7ª Marcha das Margaridas. O evento, que é feito de quatro em quatro anos, traz para a capital federal as pautas políticas das mulheres do campo, da floresta, das águas e das cidades.
A última edição foi em 2019. Desta vez, o lema é “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”.
Na quarta-feira, a partir das 7h, as mulheres saem do Parque da Cidade e percorrem a Esplanada dos Ministérios. Além da manifestação, atividades como plenárias, apresentações culturais, oficinas e rodas de conversa ocorrem no Parque da Cidade (veja mais abaixo como fica o trânsito e a programação do evento).
Líder sindical Margarida Maria Alves foi assassinada em 1983 por motivos políticos, na Paraíba — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução
A marcha surgiu da luta de Margarida Maria Alves, uma mulher trabalhadora rural nordestina e líder sindical, que rompendo com padrões tradicionais de gênero ocupou, por 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.
Ela foi assassinada na porta da sua casa, no dia 12 de agosto de 1983. No ano em que se completam 40 anos da morte da trabalhadora rural, por meio de diálogos regionais, as mulheres traduziram as principais proposições em torno de quatro pontos para o encontro:
- Erradicação da fome
- Injustiças e crise ambiental
- Violência contra as mulheres
- Acirramento das desigualdades
O evento é coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), pelas Federações e Sindicatos filiados e por 16 organizações parceiras.
Quais são os 13 eixos políticos da Marcha das Margaridas de 2023?
- Democracia participativa e soberania popular;
- Poder e participação política das mulheres;
- Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo;
- Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade;
- Proteção da natureza com justiça ambiental e climática;
- Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética;
- Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios – que são territórios e comunidades influenciados pela maré;
- Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns;
- Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional;
- Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda;
- Saúde, Previdência e Assistência Social pública, universal e solidária;
- Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo;
- Universalização do acesso à internet e inclusão digital.
- Confira aqui a pauta completa
Quem são as mulheres?
As “Margaridas”, como se denominam, “são muitas em uma”, diz a organização do movimento:
“Mulheres da classe trabalhadora, mulheres rurais, jovens, negras, lésbicas, trans, agricultoras familiares, camponesas, indígenas, quilombolas, assentadas, acampadas, sem-terra, assalariadas rurais, extrativistas, quebradeiras de coco, catadoras de mangaba, apanhadoras de flores, ribeirinhas, pescadoras, marisqueiras, coletoras, caiçaras, faxinalenses, sertanejas, vazanteiras, retireiras, caatingueiras, criadoras em fundos de pasto, raizeiras, benzedeiras, geraizeiras, entre tantas outras.”
Durante os dois dias de estadia na capital do país, as mulheres, que em grande maioria chegam de ônibus a Brasília, ficam no alojamento organizado no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. A organização vai oferecer café da manhã, almoço e jantar para o grupo.
Fonte: G1