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2022
BRASIL – RECIFE: Socorro às vítimas das chuvas vira comício de sanfoneiro candidato de Bolsonaro.
Foi cantando desafinado e tocando mal uma sanfona que o pernambucano Gilson Machado (PL), líder de uma banda de forró, encantou Bolsonaro quando ele era candidato a presidente.
Eleito, Bolsonaro o promoveu a presidente da Embratur por entender que sanfona e turismo têm algo em comum, e mais tarde a ministro do Turismo. Machado, agora, é candidato a senador.
E foi nessa condição, por mais que negue, que recepcionou a comitiva de ministros que desembarcou, ontem, no Recife, como escalão precursor de Bolsonaro, esperado hoje por lá.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), não foi convidado para se reunir com os ministros nem para mandar representante. Tampouco para receber Bolsonaro.
Machado ciceroneou os ministros Daniel Ferreira (Desenvolvimento Regional), Carlos Brito (Turismo), Marcelo Queiroga (Saúde), e Ronaldo Bento (Cidadania).
A entrevista coletiva mais tarde concedida pelos visitantes serviu de palanque para Machado. Ela durou pouco menos de uma hora. Machado falou pelo menos três vezes.
Disse que foi ele quem informou Bolsonaro sobre o temporal que já matou mais de 100 moradores do Grande Recife, e pedindo ajuda. Elogiou a presteza de Bolsonaro em atendê-lo.
Na segunda vez que interveio sem que ninguém lhe tivesse perguntado nada, citou cidades do Estado que em 2010 foram alegadas por falta de 7 barragens prometidas.
Quis sugerir que caberia ao governo de Pernambuco a construção das barragens. Por fim, recomendou aos prefeitos de cidades atingidas pelas chuvas de agora que peçam socorro a Brasília.
Esse mesmo recado fora dado antes pelo ministro do Desenvolvimento Regional. Ele disse que o governo federal mandará dinheiro para os prefeitos que diretamente o acionarem..
As chances de Machado ser eleito são iguais a zero. Ele nunca disputou uma eleição, nem para síndico de prédio. Só é candidato para garantir um palanque a Bolsonaro em Pernambuco.
O candidato ao governo é o prefeito de Jaboatão, um dos municípios do Grande Recife mais atingidos pelas chuvas. Lula, em Pernambuco, derrota Bolsonaro com mais de 70% dos votos.
Há 5 meses, quando a Bahia estava debaixo d’água, Bolsonaro não pôs os pés por lá, preferindo não interromper suas férias náuticas na praia do Guarujá, em São Paulo, montado em um jet-ski.
Há três meses, com chuvas castigando parte de suas cidades, o governo de São Paulo queixou-se da falta de verbas federais que lhe eram devidas. Bolsonaro não se incomodou com isso.
A 5 meses das próximas eleições, com Lula bem à frente dele nas pesquisas, Bolsonaro decidiu finalmente meter os pés na lama.
Coluna do NOBLAT/Metrópoles.