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2021
CEARÁ – POLÍTICA: Deputados cearenses veem com cautela e descrença nota de “pacificação” de Bolsonaro
Assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a nota que tenta diminuir a tensão provocada pelo chefe do Executivo nacional com os outros poderes, especialmente o Judiciário, não convenceu deputados federais do Ceará. Nomes da oposição repetem que sinais de moderação do presidente “não enganam mais ninguém”. Já parlamentares mais alinhados a Bolsonaro dizem torcer por uma pacificação entre os poderes.
A carta, divulgada na tarde desta quinta-feira (9), foi escrita pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e assinada pelo atual mandatário. O experiente emedebista foi convocado de forma emergencial pelo atual presidente em uma tentativa de conter a escalada de tensão com o Judiciário, principalmente com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O magistrado foi o principal alvo do presidente e de seus apoiadores durante os atos convocados para o dia 7 de setembro. Bolsonaro chegou a chamá-lo de “canalha”. Moraes comanda o inquérito que apura atos antidemocráticos e já ordenou a prisão de diversos aliados do presidente, como o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), o deputado federal Daniel Silveira (PSL) e, mais recentemente, Zé Trovão, líder da paralisação nacional dos caminhoneiros.
O governador Camilo Santana (PT) comentou a nota de Bolsonaro. “Que o gesto do presidente neste dia se transforme em ações práticas de respeito à democracia e às instituições. Ninguém neste País está acima da lei e da Constituição”, escreveu, nas redes sociais.
Para o deputado federal José Guimarães (PT), os recuos do presidente após ataques às instituições “já viraram moda”. “Ele não engana mais ninguém. Essa mea culpa não serve mais para nada. Ele dá dez passos na destruição da democracia e depois recua um”, critica o petista.
Análise semelhante é feita por André Figueiredo (PDT). “Bolsonaro mostrou o que ele é, um covarde. Na frente das massas que enfeitiça é um leão, fora dela é um gatinho. Vimos quão fraco é o nosso presidente, que insufla seus seguidores, mas, na hora do aperto, foge da luta”, afirma o deputado.
Correligionário de Figueiredo, Idilvan Alencar (PDT) aponta que o recuo presidencial se impôs devido às reações ao 7 de Setembro. “O número de pessoas foi aquém do que eles esperavam, a Bolsa de Valores caiu, o dólar subiu e eles perderam o controle sobre a paralisação dos caminhoneiros. Ele tinha a intenção de dar um golpe no dia 7, mas foi uma aposta errada”, aponta.
PRESSÃO SEGUIRÁ
Deputados da oposição reafirmam ainda que as articulações para que o presidente da Câmara abra um processo de impeachment contra Bolsonaro permanecem. Conforme o Diário do Nordeste mostrou nesta quinta-feira (9), os parlamentares, no entanto, reconhecem que as chances são baixas devido à aliança do presidente com o Centrão.
Fonte: Diário do Nordeste.