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2021
CEARÁ – Estudo da UFC sugere que antecipar vacina contra a gripe reduz partos prematuros
Segundo a pesquisa, antecipar a vacinação contra a influenza em três meses poderia reduzir o número de complicações neonatais no Estado; conclusão do estudo é que a doença, se contraída na gravidez, aumenta o risco de parto prematuro.
Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) sugere que o período de vacinação contra a Influenza H1N1 no Ceará seja antecipado para janeiro.
Anualmente, a imunização contra a gripe inicia em abril e se estende até junho em todos os estados do Brasil. Segundo a pesquisa, o adiantamento do período no Ceará poderia reduzir a ocorrência de partos prematuros, já que, conforme conclusão dos especialistas, a manifestação da infecção respiratória durante a gravidez possui relação direta com o tempo de nascimento dos bebês.
O estudo, publicado na revista Emerging Infectious Diseases, vinculada ao Centro de Controle de Doenças, dos Estados Unidos ressalta que o início da campanha de vacinação contra a gripe no Ceará se dá, coincidentemente, no período mais chuvoso do ano, a chamada quadra invernosa, que vai de fevereiro a maio. As condições climáticas, que favorecem a incidência da influenza em todas as regiões do Estado, podem encurtar o período gestacional de grávidas acometidas pela infecção.
A conclusão decorre de análises sobre os registros oficiais de influenza e a relação dos indicadores com os recém-nascidos no Ceará entre 2013 e 2018. Nos registros hospitalares, casos de influenza são classificados como uma infecção respiratória aguda grave (SARI, na sigla em inglês).
No período avaliado, foram notificados 3.297 casos de SARI no Estado, dos quais 145 ocorreram em mulheres grávidas, correspondendo a 4% do total. A partir destes números, os pesquisadores avaliaram as consequências, para os filhos, da mãe ter tido SARI durante a gravidez. Os dados foram comparados com os de filhos de mães que não tiveram a infecção durante a gestação.
“O resultado foi surpreendente em dois aspectos principais: a taxa de bebês prematuros aumentou de 10,7% nas mães sem SARI para 15,5% nas mães com SARI, ou seja, nasceram mais bebês com menos de 37 semanas de gestação quando as mães manifestaram SARI na gestação”, destaca o pesquisador Ângelo Lima, coordenador do Núcleo de Biomedicina (Nubimed) da UFC.
Ele ainda ressalta que crianças filhas de mães que tiveram influenza nasceram com menor peso em relação aos recém-nascidos de mães que não tiveram gripe. Enquanto 122 crianças de mães que não tiveram SARI pesaram 3,2 kg em média, ao nascerem, outras 61 de mães com a infecção tinham, em média, 2,8 kg.
De acordo com os pesquisadores, as diferenças nesses parâmetros são observadas em fevereiro, no início da estação chuvosa no Ceará, dois meses antes do período da imunização. Por isso, os autores acreditam que, caso haja a antecipação da campanha, o impacto no número de prematuros será imediato.
A pesquisa foi desenvolvida em colaboração com uma rede nacional e internacional de pesquisadores no âmbito do projeto de pesquisa Influen-sa Brazil – financiado pelo Programa Grand Challenges Explorations, com recursos da Fundação Bill e Melinda Gates, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e o Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) também participaram como instituições parceiras.
Fonte: O POVO.