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2020
BRASIL – TCHAU!!! Abraham Weintraub é demitido por Bolsonaro do Ministério da Educação
Já vai tarde…
O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (18) a demissão de Abraham Weintraub do Ministério da Educação, após 14 meses e 10 dias em que o então ministro acumulou polêmicas e pouco realizou à frente da pasta, e em decorrência de longo desgaste político com os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
A queda foi confirmada em um vídeo publicado em rede social em que os dois comunicam a exoneração. Na gravação, Weintraub diz que “desta vez é verdade”.
“Não quero discutir os motivos de minha saída”, afirmou.
Ele disse ter recebido um convite, referendado por Bolsonaro, para ser o diretor representante do Brasil e de outros oito países no Banco Mundial, instituição multilateral de fomento ao desenvolvimento com sede em Washington (EUA). O salário anual previsto é de US$ 258.570, o equivalente hoje a R$ 115,8 mil por mês sem 13o, ou mais de três vezes o salário atual do ministro, de R$ 31 mil.
Bolsonaro falou pouco sobre Weintraub ao fazer o anúncio, ao qual chamou de “momento difícil”. “A confiança você não compra, você adquire”, declarou.
Não foi anunciado, por ora, novo titular para MEC — o terceiro em um ano e meio de governo Bolsonaro.
A expectativa de assessores presidenciais é a que Bolsonaro nomeie o secretário-executivo da pasta, Antonio Paulo Vogel, como ministro interino no lugar de Weintraub.
Confusão.
A demissão de Weintraub coroa 14 meses de controvérsias e insultos disparados contra os mais variados alvos, do educador Paulo Freire (1921-1997) à China, passando por desafetos políticos, jornalistas, especialistas em educação, o presidente francês Emmanuel Macron e, com especial virulência, reitores, alunos e professores de universidade federais.
Foi contra o Supremo Tribunal Federal, porém, que o agora ex-ministro cruzou limites legais e institucionais, exacerbando declarações anteriores ao comparecer a um protesto em Brasília de apoiadores do governo no domingo (14).
No encontro com manifestantes, sem citar ministros do STF, Weintraub voltou a usar a palavra “vagabundos”, em uma referência a afirmação dele na reunião ministerial de 22 de abril, em que disse: “Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”.
As declarações provocaram reação do Supremo, que nos bastidores cobrava a demissão do ministro. Sua permanência ficou insustentável, e a saída passou a ser defendida pelo entorno de Bolsonaro, que sofria pressão dos filhos para mantê-lo no MEC. Para a cúpula militar e uma ala do governo considerada técnica, só a demissão do ministro arrefeceria o clima beligerante entre os Poderes, incluindo o Congresso.
Weintraub é alvo do inquérito das fake news, que tramita no Supremo, e também de uma investigação no tribunal por racismo por ter publicado um comentário sobre a China.
Fonte: Folha de São Paulo