Desde o início das notificações sobre possíveis casos de coronavírus no Ceará, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) já registrou 28 suspeitas da doença. Destas, até ontem à tarde, nove foram descartadas. Outras 14 continuam em investigação. Na segunda-feira, o Ministério da Saúde anunciou que o Ceará será um dos 15 estados escolhidos para receber kits produzidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para diagnóstico específico da doença. Com isto, não será mais preciso que a Sesa envie os exames de casos suspeitos para serem avaliados em outros estados.
Desde a última quinta-feira (27), a Sesa, a exemplo do Ministério da Saúde, divulga diariamente dados sobre as possíveis ocorrências de coronavírus. Dos nove casos descartados no Ceará, sete são de pessoas que moram em Fortaleza e outros dois em Sobral e Crateús. Dos 19 em análise, 18 na Capital e um em Caucaia. Atualmente, o procedimento para análise dos casos suspeitos ocorre em duas etapas, da seguinte forma: os pacientes que estão no Ceará (tenham viajado para países com transmissão ativa da doença e apresentam sintomas) procuram o sistema de saúde e fazem exames. Essas amostras são analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), em Fortaleza. O Lacen aponta, então, se estas pessoas estão com alguma doença que já circula no Ceará.
Nos nove casos descartados até o momento, por exemplo, foram confirmados que os pacientes estavam, dentre outros, com influenzas B, A (H1N1), A (H3N2), metapneumovírus e rinovírus – vírus que já circulam no Estado.
No entanto, se nos casos em investigação não seja identificada nenhuma dessas doenças já circulantes, as amostras coletadas devem ser enviadas para um dos Centros Nacionais de Influenza: a Fiocruz (Rio de Janeiro), o Instituto Evandro Chagas (Pará), ou Instituto Adolfo Lutz (São Paulo). Só essas instituições, até então, podem confirmar ou descartar a infecção específica por coronavírus. Pois, detêm os equipamentos necessários para esse procedimento.
Mudanças
Com o anúncio do Ministério da Saúde, esse procedimento deverá mudar, pois, inicialmente, os Lacens de 15 estados do país (Amazonas, Pará, Roraima, Bahia, Ceará, Pernambuco, Sergipe, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina) receberão os kits para o teste específico e evitarão que as amostras, da segunda etapa, sejam enviadas para as instituições mencionadas.
Segundo a Fiocruz, nesta semana, os cientistas iniciam a produção de protótipos de kits com insumos para a realização de 30 mil testes diagnósticos para o novo coronavírus. Em nota, a instituição explica que o Ministério da Saúde “encomendou à Fiocruz o desenvolvimento e a produção dos kits para diagnóstico laboratorial destinados à atender a rede de laboratórios públicos de todo o País”. A Fiocruz também fará a capacitação de laboratórios públicos dos diversos estados para garantir a realização dos testes específicos.
A Fiocruz garante ainda que tem a capacidade de produzir de 25 a 30 mil testes semanais e o ritmo de produção seguirá conforme a demanda do Ministério da Saúde. Questionada sobre quando os kits chegarão ao Ceará, a Fiocruz informa apenas que “a expectativa é de que seja ao longo das próximas duas semanas”. Além disso, “em 20 dias, todos os laboratórios centrais devem estar aptos a realizar os testes para diagnóstico do novo coronavírus”, completa.
Segundo a instituição, os testes usam a mesma técnica para diagnóstico por RT-PCR em tempo real do coronavírus, capaz de detectar o genoma viral. O tempo para resultados dos exames é de até 72h. Indagada sobre prazos e quantidades de kits, a Sesa informou que ainda não tem informações oficiais de quando os insumos chegarão ao Estado.
(Diário do Nordeste).