A bancada do Ceará volta a se reunir nesta segunda feira(7), em meio a um racha entre os parlamentares sobre a distribuição das emendas – pedidos de deputados e senadores para a destinação de verbas do Orçamento federal a projetos e obras nos estados e municípios.
Uma parte da bancada quer que os quase R$ 250 milhões a que o Ceará tem direito sejam divididos entre os 25 representantes. Já outros defendem que metade do dinheiro seja enviado para o governo estadual. Por trás dessa briga, insatisfações com falta de atendimento das demandas no Estado e conflitos internos na base aliada.
As divergências ocorrem porque, agora, as emendas de bancada são impositivas, ou seja, o Governo Federal é obrigado a pagá-las. Antes, elas eram usadas como moeda de troca entre o Palácio do Planalto e o Congresso em votações importantes e, por isso, nem sempre eram executadas. Na última reunião, deputados da base aliada do Governo Camilo Santana se dividiram.
Questionado sobre o atrito com o deputado federal AJ Albuquerque (PDT), o senador Cid Gomes colocou panos quentes e disse que divergências são naturais. “Eu estou defendendo uma tradição: a bancada reservar uma parcela significativa dos recursos das emendas para que o Estado possa dizer qual a sua prioridade. É natural pessoas terem opiniões diferentes”.
Quando questionado no último sábado (5) sobre o episódio, o pai de AJ, secretário de Cidades, Zezinho Albuquerque, do PDT, partido de Cid e Ciro Gomes, disse que ainda não sabia o que tinha ocorrido e que no momento oportuno iria conversar com o filho e com o senador. Mas Zezinho disse que qualquer conflito não é bom.
“Tenho um filho deputado federal, mas ele tem a vida própria dele. Isso (conflito) não é bom, nenhum constrangimento com qualquer outro partido é coisa boa. A política é a arte de somar. Eu tenho meus dois líderes: Cid e Ciro e vou continuar com eles. Eu não estou do lado de ninguém, estou do lado do PDT”, cravou.
Insatisfação
Junior Mano (PL) disse que, durante a reunião, alguns parlamentares relataram a dificuldade de diálogo com secretários estaduais e que essa insatisfação acabou pesando. “A falta de reunião (com o governo estadual) e isso acarreta uma insatisfação muito grande na base, mas acho que é questão de tempo. Vai ter reunião na terça e tenho certeza que essas questões vão ser resolvidas”, avalia.
Leônidas Cristino (PDT) admite que a última reunião da bancada foi “pesada”, mas minimiza o estremecimento. “Essas divergências acontecem sempre e depois a gente se une, defende as demandas do governador e dos nossos municípios e a gente espera que na próxima semana os nervos fiquem calmos”.
Eduardo Bismarck (PDT) disse que a ideia sugerida pelos deputados era que metade da verba destinada ao Governo do Estado fosse para o Monitoramento de Ações e Projetos Prioritários (MAPP), sistema que os deputados podem indicar emendas no Orçamento para obras nos municípios.
O problema é que como o governo não tem liberado esse dinheiro no Estado para a base aliada. “Isso não é segredo para ninguém. O governador não liberou e a turma está insatisfeita”, atesta.
Fonte: Diário do Nordeste.