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2019
BRASIL – OPINIÃO| O levante do PSL: Políticos do partido acharam melhor devorar antes os filhos de Bolsonaro.
Foi uma semana difícil, em que o bolsonarismo não sabia se radicalizava ou desmoronava e acabou fazendo bastante dos dois.
No fim de semana passado, os bolsonaristas organizaram uma conferência conservadora em que o ministro da Educação, Abraham Weintraub comparou FHC à Aids, e Damares comparou a esquerda ao demônio.
No começo da semana, blogueiros governistas foram para as redes sociais pedir um novo AI-5, tentando capitalizar uma eventual onda de indignação contra o STF.
O problema na última semana foi que os políticos do PSL perceberam que a revolução é como Saturno, que devora seus próprios filhos, e acharam melhor devorar os filhos de Bolsonaro antes.
Foi uma surra. O presidente foi gravado tentando fazer de Eduardo o líder do PSL na Câmara no lugar do deputado Delegado Waldir. Perdeu. As chances de Eduardo se tornar embaixador tornaram-se muito remotas.
O PSL vai retaliar Flávio e Eduardo em seus estados. O deputado Júnior Bozzella (PSL-SP) declarou à Folha que “nós agora temos uma missão: salvar o Brasil dos filhos do presidente”.
O problema é que os filhos de Bolsonaro não são só três fraquejadas épicas, são a máquina política do pai. Os filhos são os aliados que são completamente dependentes de Bolsonaro, os aliados com quem ele acha que pode contar.
Os esquemas atribuídos a Flávio Bolsonaro, se existirem, não são de Flávio, são de Jair: ou não haveria um cheque do Queiroz na conta da primeira-dama. Os tuítes de Carlos podem parar a qualquer momento se Bolsonaro mudar sua senha, mas o presidente quer alguém brigando com generais e perseguindo jornalistas no lugar dele. Da mesma forma, o radicalismo de Eduardo é encomendado pelo pai, que também quer um movimento de extrema direita forte.
É crise para meses. Bolsonaro pode fundar um novo partido e/ou recorrer ao Judiciário para que seu grupo no PSL possa sair levando seus mandatos. Todo mundo ali sabe o que o outro fez no verão passado.
Muita coisa pode resultar disso tudo: crise, golpe, estagnação, um clima crescente de esculhambação geral.
O que vai dar trabalho para tirar disso tudo é um governo funcional. Dessa vez vai ter “pacto pelo Brasil”, como o que Maia, Alcolumbre e Toffoli costuraram na crise institucional passada?