Com o título “As Perspectivas da Justiça do Ceará”, eis o Editorial do O POVO desta segunda-feira:
A obrigação de todo agente público ser transparente e oferecer as explicações possíveis para deficiências eventualmente existentes no serviço que presta à sociedade. O desembargador Gladyson Pontes, cujo mandato como presidente do Tribunal de Justiça do Ceará se expira em 31 de janeiro de 2019, mostra sintonia importante com esta necessidade ao se abrir a uma análise de seus dois anos à frente do Poder, admitindo problemas, mas, ao mesmo tempo, indicando ações que criam a perspectiva de melhorias na qualidade do serviço ofertado a médio ou longo prazo.
Temos uma conjuntura em que a prestação jurisdicional parece longe de atender aos anseios da sociedade. Não é uma novidade, nem se pode atribuir o quadro à responsabilidade direta do atual grupo gestor da Justiça, à frente o desembargador Gladyson Pontes, que ontem, na edição dominical do O POVO, apresentou um balanço correto, honesto e consciente do que fez ou do que não teve condições de fazer em seu período como presidente. A complexidade não permite simplismos na análise de suas causas e projeção dos seus efeitos, mas é possível imaginar um futuro melhor quando se discute o que está sendo feito hoje de olho no que está por vir mais adiante.
O Ceará apresenta a justiça menos produtiva do País, ou seja, é comparado ao serviço prestado por outros estados com as mesmas restrições estruturais e econômicas que enfrentamos, que as nossas deficiências ganham destaque, o que costuma exigir explicações boas dos dirigentes responsáveis. O presidente atual tranquiliza, de certa forma, quando apresenta um balanço equilibrado de seus feitos, sem pirotecnias ou soluções mágicas, muito embora seja um cenário que indica que a pressão sobre o sucessor já escolhido, desembargador Washington Araújo, se manterá nos níveis em que está agora devido à realidade difícil projetada para o próximo período, começando por uma mudança profunda no quadro político-administrativo nacional que aponta mais dúvidas do que certezas.
O fato de o Judiciário cearense apresentar o menor orçamento proporcional entre os estados brasileiros também há de ser considerado como um elemento de debate na busca de uma solução que chegue ao interesse do cidadão, que é o de ser melhor atendido nas suas necessidades. Nesse sentido, cobre-se das instâncias competentes, também no Executivo e no Legislativo, o encaminhamento de alternativas que garantem melhores condições àqueles que fazem a cúpula do TJ, a atual e aquela que assume a responsabilidade a partir do próximo ano, para termos um quadro que atenda melhor as necessidades da população cearense, que clama por um serviço ágil, entendendo-se que somente assim parecerá, de fato, justo.
(Editorial do O POVO)
(Via Eliomar de Lima)