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2018
CEARÁ – Eleições 2018: O PT quer o contrário, mas Cid Gomes quer “neutralidade” de Camilo para Lula e Ciro nas eleições no Ceará.
O ex-governador Cid Gomes (PDT) revelou, ontem, que espera neutralidade de Camilo Santana (PT) para evitar que a campanha do governador à reeleição crie dificuldades ao palanque de Ciro Gomes (PDT) no Ceará. O PT pressiona Camilo a declarar apoio ao ex-presidente Lula.
Sobre o palanque dividido na disputa nacional, Cid reconheceu que “a aliança tem pelo menos dois importantes candidatos a presidência da República”, disse em referência a Lula e Ciro. O ex-governador, no entanto, deixou claro que espera a neutralidade de Camilo na disputa.
“O que eu defendo é que o Camilo, como é o projeto que nos une aqui no Ceará, tenha uma postura de magistrado. Eu tenho defendido que o palanque dele trate da campanha no Ceará e aí eu vou cuidar, junto com os companheiros do PDT, da campanha do Ciro. E o PT vai trabalhar, fora da campanha do Camilo, a campanha do candidato do PT”, recomendou em entrevista à Rádio Tribuna Band News .
O ex-governador também falou sobre as declarações de Ciro Gomes diante das negociações do PT que resultaram em um acordo de neutralidade do PSB, no primeiro turno das eleições presidenciais. “Ele denunciou e está no papel dele. Uma coisa é ir atrás de um partido para se coligar, outra coisa é ir atrás de um partido para não se coligar com outro”, declarou Cid esclarecendo que Ciro não ficou “chateado”.
Ciro flertava com o PSB, quando a sigla firmou acordo com o PT para ficar neutro nas candidaturas à presidência em troca de apoio do PT aos candidatos a governador socialistas nos estados Amazonas, Amapá, Paraíba e Pernambuco.
Eunício
Sobre a disputa local, o ex-governador, que é candidato a uma das vagas em disputa no Senado Federal, não confirmou que votará em Eunício, mas prometeu recomendar voto no emedebista. “Eu recomendarei voto no Eunício, em homenagem ao Camilo”. Questionado se irá “dar seu voto pessoal a Eunício Oliveira”, Cid riu e disparou: “Homi, não me faça pergunta difícil”. Em entrevista, ontem, ele emendou que “o voto é secreto”.
Este ano, a aliança eleitoral do grupo político de Cid optou pelo lançamento de apenas um nome ao Senado, deixando o espaço para a candidatura de Eunício Oliveira em uma aliança informal. A cabeça de chapa tem Camilo Santana como candidato à reeleição e Izolda Cela, candidata a vice-governadora.
“Eu recomendarei voto no Eunício, em homenagem ao Camilo. O Camilo fez esse entendimento com o Eunício Oliveira levando em conta o interesse maior do povo cearense. Eu, sinceramente, não tenho nada contra isso”, afirmou Cid. “Ruim é quando você faz por dinheiro. Mas esse entendimento levou em conta o interesse do cearense”, reforçou.
Em convenção do MDB, no último fim de semana, Camilo tornou público o apoio que já era comentado nos bastidores. “Estou aqui, Eunício, para dizer a todos os convencionais e a todo o povo cearense que você é o meu candidato a senador pelo estado do Ceará”. Na ocasião, Camilo foi direto ao declarar seu apoio a Eunício e ainda levou uma mensagem do outro candidato da aliança ao Senado, o ex-governador Cid Gomes. “Cid está lá tentando resolver a questão das coligações para deputados federais e estaduais, e mandou um recado a todos vocês, dizendo que está junto nessa missão de reeleger Eunício senador”, assegurou o governador.
Ontem, Cid Gomes admitiu que existem “incoerências”, mas afastou especulações de que a aproximação entre Camilo e Eunício provoque uma ruptura no grupo.
“Eu tive um cuidado para que essa aliança não se materializasse oficialmente. É um cuidado para que o que eu busque é a minha coerência”, revelou Cid. “Mas o Camilo se sentiu, e eu compreendo perfeitamente, na obrigação de agradecer o que ele teve de ajudar para liberar recursos para o governo com o Eunício”, ponderou.
“O Camilo fez esse entendimento para o bem do Ceará. E isso ajudou hospitais, a transposição, o metrô de Fortaleza e outros projetos, por isso acho que esse entendimento é respeitável”, admitiu.
Divisão
A eleição para o Senado, no entanto, mostra uma divisão poucas vezes vista em aliança. As siglas foram divididas entre “quem vai com Cid e quem fica com Eunício”. As parcerias já estão definidas. Apoiarão a reeleição de Eunício Oliveira: PSD, PRB, Podemos, Avante, PHS, PSC e Solidariedade. Todos as demais legendas da maior coligação da história do Ceará ficarão com Cid.
Fonte: O Estado