20
2018
CEARÁ – POLÍTICA: Camilo admite divergências para aliança com Eunício.
O governador Camilo Santana (PT) admitiu, publicamente, que existem “divergências” e “contradições” para o fechamento da aliança eleitoral com o senador Eunício Oliveira [MDB]. “Dificilmente nós vamos ter um consenso entre todos”, revelou ao comentar sobre o debate envolvendo o conjunto de partidos que formam a base de apoio a reeleição.
Em entrevista à editora de política de O Estado Kézya Diniz, o governador repetiu o discurso de que, somente agora, as tratativas foram iniciadas, porém, admitiu que existem diferenças, que ele chamou de “normais”, a serem trabalhadas para incluir Eunício na chapa.
Apontado pelo petista como “grande aliado” nas questões administrativas envolvendo a liberação de verbas para obras do Ceará, o senador trabalha para garantir o apoio de Camilo na composição da chapa majoritária, o que, em tese, abriria caminho para a reeleição.
Eunício, no entanto, enfrenta a rejeição declarada de Ciro e Cid Gomes e, mais recentemente, de setores do PT que reivindicam espaço para a vaga hoje ocupada pelo senador José Pimentel (PT).
“Eu fiz um calendário e até o dia 7 de julho, que era a data possível para participar das inauguração, eu me dediquei exclusivamente à gestão. Eu já tinha dito que só trataria da questão política e eleitoral após esse prazo. E dediquei toda a minha energia e o meu tempo para a gestão do Governo do Estado, que é a minha responsabilidade, como tenho continuado. E iniciei, essa semana, as tratativas para as eleições deste ano. Inclusive, foi a primeira vez que eu me coloquei como pré-candidato, e nós estamos em um período de pré-candidaturas, para a reeleição como governador. Eu tive um encontro com prefeitos, depois com parlamentares e nós estamos discutindo, com os partidos da base, as alianças para as eleições”, comentou.
Camilo Santana disse, ainda, que foi ele quem procurou o emedebista após a eleição, dando início a “construção” de relacionamento. “Em relação ao senador Eunício Oliveira (MDB), eu sempre fui muito claro. Eu o procurei. Eu fui adversário do senador Eunício, mas eu o procurei depois das eleições, até porque ele ocupa um dos cargos mais importantes desse País que é a presidência do Congresso Nacional, com muita força perante ao Governo Federal. Pedi o apoio do Eunício para os projetos para o Ceará. Ele tem sido um grande parceiro na liberação de recursos, na aprovação dos financiamentos para o Estado e para a Prefeitura [de Fortaleza]”, ponderou o petista.
O governador também fez questão de explicar porque considera “natural” uma possível aliança eleitoral. “Quando eu digo que é natural é porque é uma construção. Não que vá beneficiar o Camilo ou vá beneficiar o Eunício. Mas que vem beneficiando o Estado do Ceará com investimentos, garantindo recursos”, disse citando obras como o Cinturão das Águas, programas do Minha Casa Minha Vida
Ele ainda falou sobre as divergências entre Ciro e Eunício. “Ciro é um grande parceiro, um grande amigo. Não tenho dúvida que ele é um grande pré-candidato nesso momento em que o Brasil precisa se reencontrar com a política e com a gestão. Eu digo que tudo isso precisa ser discutido democraticamente”.
Camilo, no entanto, destacou o sentimento de gratidão por Eunício e disse que vai manter sua “coerência” ao defender a parceria com Eunício. “Mas uma coisa que é importante, e eu quero dizer ao povo cearense, é que eu sempre mantive a linha, a minha coerência e não vou desvirtuar nenhum milímetro daquilo que eu acredito. E, na política, precisa ter uma coisa chamada gratidão. Eu sou grato ao senador Eunício pelo apoio e pelo trabalho que ele tem feito em benefício do povo cearense. É minha responsabilidade, enquanto governador, independente de quem seja e quiser ajudar o meu estado, seja ele de partido A, B ou C, que queira ajudar o povo cearense a trazer recursos, benefícios para o Estado do Ceará, que ainda precisa de muita coisa, eu estarei sempre aberto a dialogar, a construir as parcerias em benefício do povo cearense”.
Chapa
“Nós vamos tentar construir a pactuação antes da convenção no dia 5 de agosto. Com muito diálogo, de forma democrática, ponderando, ouvindo as divergências, nos vamos tentar construir, da melhor forma que for possível, os caminhos para essas eleições de 2018”, enfatizou o governador.
Camilo ainda defendeu a composição incluindo o ex-governador Cid Gomes (PDT) na outra vaga para o Senado Federal. “É natural essa aliança até porque foi um processo que foi construindo uma parceria administrativa, os resultados. Então, é natural que os pré-candidatos e, posteriormente os candidatos, após a homologação, sejam esses dois senadores: Cid e Eunício”, admitiu.
Ciro x Eunício
Aliados até 2014, os grupos de Ciro e Eunício romperam por conta da disputa eleitoral. Durante a campanha de Camilo Santana ao Governo do Estado, Ciro disparou críticas contra Eunício, adversário do petista na corrida ao Palácio da Abolição. Questionado pelos jornalistas sobre como via o crescimento do patrimônio de Eunício, disse: “O que eu acho mesmo, é que ele é ladrão”.
No ano passado, Eunício revidou as críticas de Ciro e, durante encontro regional do PMDB na cidade de Limoeiro do Norte, disse que não voltaria a dialogar com o adversário. “Ninguém se iluda, eu saio da política, mas não faço acordo com esse cidadão chamado Ciro Gomes, que só sabe denegrir. Ninguém sabe do que ele vive, mas vai todos os dias para as rádios e televisão denegrir a vida alheia. Eu não me junto com gente desse tipo”, disse Eunício na época.
Fonte: Jornal O ESTADO.CE