O Ceará sem Drogas – projeto idealizado pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Zezinho Albuquerque (PDT), em 2014 – promove debates no Estado sobre a necessidade de prevenir o uso de drogas, as dificuldades enfrentadas por quem se torna dependente químico e as possibilidades de tratamento e recuperação.
Zezinho Albuquerque ressaltou a mobilização de todos os deputados da AL para a realização da campanha e a importância da participação dos gestores e da comunidade. O parlamentar observou que o Centro de Referência sobre Drogas registra um aumento de 30% nas ligações nos dias em que o evento da AL é realizado, o que retrata o tamanho do problema e a vontade de mais informação e, principalmente, da ajuda que o Poder Público pode oferecer por meio de tratamento. “Precisamos entender a dependência química como doença que precisa de ajuda e apoio de todos”, afirmou o presidente da Assembleia.
O evento contou com a participação do deputado estadual Audic Mota (PSB), 1º secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, de gestores públicos locais, estudantes, familiares, professores e profissionais de diversas áreas. Audic Mota afirmou que o evento é inspirador para que os jovens não tenham interesse em conhecer as drogas, que se tornaram uma chaga na sociedade. O parlamentar, que tem raízes tauaenses, agradeceu a participação da população no evento.
Carlos Windson Cavalcante, prefeito de Tauá, município de aproximadamente 57 mil habitantes no sertão de Inhamuns, afirmou que a realização do evento permite discutir um assunto muito delicado, que está fortemente relacionado com a violência.
O comentarista esportivo e ex-jogador da seleção brasileira de futebol Walter Casagrande, parceiro do Ceará sem Drogas, compartilhou sua experiência como usuário de drogas e respondeu perguntas do público. Ele comentou que sua relação com as drogas começou na adolescência e que está em um processo contínuo de cuidado e recuperação.
Casão, como ficou conhecido, lembrou também da carreira como atleta, uma vez que passou por times como Corinthians e Flamengo, atuou em países como Portugal e Itália e jogou na seleção brasileira, participando da Copa do Mundo de 1986. “Quando parei de jogar futebol, a droga passou a dominar pouco a pouco a minha vida”, contou. Ele abordou o impacto que a dependência química causou na vida de sua família, as perdas enfrentadas e a importância do apoio recebido para que pudesse se recuperar, processo que passou por longo internamento e continua até hoje, por meio de terapia.
Casagrande destacou ainda a realização de projetos como o Ceará sem Drogas e falou sobre seu trabalho na TV e aspectos do futebol atual.
Parceria
O Mestre Jaguar, do grupo de capoeira Garra Cearense, ressaltou o trabalho do projeto Capoeira para Todos, realizado em Tauá, em parceria com as escolas e a Secretaria de Juventude e Desporto. Segundo ele, por meio dos treinos e atividades do grupo, é possível identificar os jovens que estão em situação vulnerável e que podem se envolver com drogas, abrindo espaço para o diálogo. A professora da Escola de Ensino Fundamental Joaquim Pimenta, Marleide Deodato, lamentou que a presença das drogas seja cada vez maior na comunidade. “A primeira coisa que eles fazem quando começam a usar drogas é abandonar a escola”, relatou.
Estudantes do 2º ano do ensino médio do IFCE de Tauá, Sara Rodrigues e João Felipe Matias, de 16 anos, comentaram a importância da informação para alertar sobre os riscos do uso de drogas. Para eles, tem sido cada vez mais comum saber de pessoas que usam drogas e enfrentam problemas.
Antônio Dalécio Chaves, comerciante de Tauá, alertou para o uso do álcool, que considera a porta de entrada de muitas pessoas para outras substâncias. “Se uma criança ou jovem sair daqui e comentar em casa o que ouviu, já está passando informação”, afirmou, ao elogiar a iniciativa da AL.