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2018
BRASIL – A MINISTRA “ESCRAVA”: Ministra Luislinda Valois foi demitida dos Direitos Humanos.
Luislinda justificou no documento que, por causa da regra do abate-teto, pela qual nenhum servidor ganha mais do que um ministro do Supremo, seu salário de ministra cai para R$ 3.292 brutos. O de desembargadora, de R$ 30.471,10, é preservado. Ao citar a Lei Áurea, a ministra Luislinda cometeu um deslize. Ela disse que a norma “recebeu o número 3533”, quando a lei sancionada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888 é a 3353.
No documento, Luislinda disse que “ao criar o teto remuneratório, não se pretendeu, obviamente, desmerecer ou apequenar o trabalho daquele que, por direito adquirido, já percebia, legalmente, os proventos como sói acontecer na minha situação”. O Código Penal define trabalho análogo ao de escravo o que submete a pessoa a condições degradantes, jornada exaustiva, trabalho forçado, cerceamento de locomoção e servidão por dívida. Como ministra, Luislinda tinha direito a carro com motorista, jatinhos da FAB, cartão corporativo, imóvel funcional e a salário de R$ 30,9 mil.
Após seu pedido ser divulgado, ela justificou ser seu direito receber o valor integral para trabalhar como ministra porque o cargo lhe impõe custos como se “vestir com dignidade” e “usar maquiagem”. Ela não se arrepende de ter comparado seu caso ao trabalho escravo. “Todo mundo sabe que quem trabalha sem receber é escravo”, alegou. Depois, a ministra retirou tal requerimento.
A permanência de Luislinda foi ficando insustentável no Ministério. A Procuradoria-Geral da República analisa denúncia contra a ministra em que é acusada de “omissão e gestão irresponsável” da pasta de Direitos Humanos. O pedido, do Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que reúne cerca de mil instituições da sociedade civil, se dava pelos vários cargos não preenchidos pela ministra. Ao todo, 22 cargos de chefia estavam vagos. Somente na Secretaria de Igualdade Racial seis áreas estão sem coordenadores. Na Secretaria da Criança e do Adolescente, duas diretorias não têm comando. A conta não inclui os cargos vagos no terceiro escalão. Pressionada, a ministra indicou nomes que depois foram barrados pela Casa Civil até que fosse decidida o que fazer com a tucana. (AE)
(Via Diário do Poder)