23
2015
CEARÁ – Colunista Valdemar Menezes: Segmentos Populares foram mais presentes nas manifestações pró-Dilma, diz pesquisa.
Da Coluna Valdemar Menezes, no O POVO deste domingo (23):
Na última quinta-feira, segmentos populares deixaram claro que a base da pirâmide social não está disposta a voltar para a “senzala”, como quer a “Casa Grande”. Como bem disse Lula: “quem provou filé não quer mais voltar a comer apenas bucho”. Tampouco aceita que se mele o jogo da democracia com um impeachment sem base jurídica real para tirar do governo quem foi eleita por 54 milhões de votos.
A percepção de que seria uma temeridade sacar Dilma por meio de uma chicana descarada levou o grande capital a botar o pé no freio da conspiração. É que isso provocaria inevitavelmente uma crise não só institucional, mas, social, com chances reais de levar a economia para o fundo, arrastando a todos – e não apenas os trabalhadores e os segmentos mais frágeis da sociedade. Antes, um manifesto de juristas e intelectuais (ao qual acaba de aderir o ex-governador paulista Cláudio Lembo) havia denunciado o complô.
A composição dos públicos de ambas as manifestações – a de domingo e a de quinta-feira – ajuda a compreender o quadro. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto DataFolha: “pessoas de famílias com renda mensal de até 2 salários mínimos eram 24% da manifestação de quinta-feira. No domingo, somavam 6%. No polo oposto, o grupo dos mais ricos (acima de 20 salários) representava 5% dos presentes, na quinta, ante 17% do ato anti-Dilma. No protesto de quinta-feira, pardos e pretos somavam 49%. No domingo, eram 20%”.
E entre os de quinta não tinha nenhum psicopata nazista lamentando que Dilma não tivesse sido enforcada no Doi/Codi, nem que todos os opositores da ditadura não tivessem sido exterminados.
Ademais, não basta a comparação numérica presencial: os manifestantes de quinta-feira representavam segmentos organizados, cuja influência vai muito além dos indivíduos ali presentes. Os de domingo foram instigados e estimulados escancaradamente por monopólios de comunicação social eletrônica – o que é um escândalo, pois são concessões públicas.
Fonte: O POVO.