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2015
CEARÁ – Artigo: Apressadinhos de plantão são desmoralizados sobre prisão de Lula (Por José Nilton Mariano)
Artigo do servidor público aposentado José Nilton Mariano Saraiva comenta as informações desencontradas sobre suposto pedido de prisão para Lula.
Confira:
A notória “má fé” da mídia tupiniquim em relação ao ex-presidente Lula da Silva (extensiva ao PT, ou até por isso mesmo) é algo incontestável e digna de masturbações sociológicas. Talvez porque tenham receio que ele volte em 2018 para mais uma vitória acachapante sobre a “tucanalhada”, a determinação é, desde já, tentar “baldear o coreto”, criar “factoides” os mais diversos, mentir despudoradamente, chegar às raias da insensatez.
Como agora, quando um desconhecido advogado, useiro e vezeiro em impetrar o instrumento jurídico conhecido por habeas corpus, sem que os envolvidos sejam consultados, resolveu por conta própria que deveria “defender preventivamente” o ex-presidente contra uma possível prisão, por conta dessa onda do “Lava-Jato”. Sem tirar nem por, esta, resumidamente, a versão correta sobre o surgimento do FHC (fajuto habeas corpus) em favor de Lula da Silva (que o repudiou, ao tomar conhecimento).
Foi o bastante para que a desonesta oposição ao governo, irmanada com a mídia corrupta, repercutissem nos jornalões e nas redes sociais uma versão abjeta e irresponsável sobre, porquanto dando a entender que o ex-presidente houvera impetrado pessoalmente o tal habeas corpus, com receio de ser detido.
Como a Internet é uma via de multimãos, não tardou para que os apressadinhos de plantão fossem literalmente desmoralizados e tivessem que se penitenciar (embora tardiamente, já que houvera ganhado o mundo) pela deslavada mentira divulgada. Confira abaixo:
“Nenhum desses cuidados primários foi tomado pela redação da Folha de S.Paulo, na quinta-feira (25), ao noticiar, em sua edição digital, que o ex-presidente Lula da Silva havia ingressado com pedido de habeas corpus preventivo, na Justiça do Paraná, para não ser preso como acusado na Operação Lava-Jato. A notícia original foi publicada às 11h25. Cinco minutos depois, uma nota colocada apressadamente dizia: “ERRAMOS – Não foi Lula que pediu habeas corpus preventivo; ação foi de consultor sem ligação com o ex-presidente”. A pequena nota corretiva foi substituída muito tempo depois, às 15h07, por outro “ERRAMOS”, que informava: “Versão anterior da reportagem ‘Habeas corpus preventivo pede que Lula não seja preso na Lava Jato’ informou incorretamente que o pedido de habeas corpus havia sido feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.
O título, o texto e a chamada na homepage do portal foram corrigidos, mas a versão original já corria pelas redes sociais, impulsionada por uma equipe a serviço do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Mesmo com os sucessivos atentados ao bom jornalismo que fazem a rotina da imprensa brasileira, difícil acreditar que a redação da Folha de S. Paulo tenha cometido um mero erro técnico, uma “barrigada”. Foi mais do que incompetência: foi resultado de um empenho do jornal em criminalizar o ex-presidente da República, no rastro de um processo que começa a incomodar alguns dos mais renomados juristas do país, por uma sucessão de decisões tidas como arbitrárias.
O viés condenatório da Folha pode ser percebido na versão atualizada às 15h32 de quinta-feira, na qual se lê que “segundo o Instituto Lula, qualquer cidadão pode impetrar o habeas corpus”. O correto e honesto seria dizer, simplesmente, que “o pedido de habeas corpus pode ser feito em nome de terceiros por qualquer cidadão”, como saiu na edição de papel na sexta-feira (26) – porque essa é a norma legal, não a “opinião” do Instituto Lula.
As trapalhadas que se seguiram apenas aumentaram a repercussão da notícia – e para muitos cidadãos fica a impressão de que Lula da Silva está na iminência de ser colocado na cadeia – o que não é verdade, porque ele nem sequer é investigado. Os outros jornais alimentam essa versão ao publicar textos ambíguos – por exemplo, o Estado de S. Paulo diz que Lula “nega que seja o autor do pedido” – frase que não se justifica depois que o impetrante do habeas corpus admitiu ter agido por conta própria. O episódio dá razão aos impertinentes que chamam aquele jornal de “FALHA DE SÃO PAULO”.
Afim, e a fim de dissipar quaisquer dúvidas, em nota oficial o juiz da Lava Jato, Sérgio Moro (que está, sim, doido pra pegar o ex-presidente), houve por bem se pronunciar: “A fim de afastar polêmicas desnecessárias, informa-se, por oportuno, que não existe, perante este Juízo, qualquer investigação em curso relativamente a conduta do Exmo. ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva”.
Particularmente, entendemos que, como a porteira foi aberta, o risco é que a Justiça do Paraná de repente se veja sufocada de habeas corpus preventivos impetrados por milhares e milhares de pessoas que, a partir do governo Lula da Silva se descobriram vivas, se descobriram existir, se descobriram cidadãos do mundo.
Alguém duvida?
(Via Blog do Eliomar de Lima)