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2015
BRASIL – Governadores nordestinos só ganharão mais se conseguirem ajudar a aprovar o Ajuste Fiscal
(Brasília-DF, 26/03/2015) Os governadores nordestinos apresentaram nesta quarta-feira, 25, duas pautas a Presidenta Dilma Rousseff, que foi acompanhada na reunião pelo Vice Presidente, Michel Temer.
Uma administrativa e outra política. A Presidenta ganhou com uma “Carta dos Governadores do Nordeste” com seis pontos onde é dada ênfase a defesa do Estado de Direito e pela defesa de um amplo entendimento nacional, porem na pauta administrativa os governadores ficaram pressionados a só terem mais conquistas, especialmente no aumento dos financiamentos, se conseguirem convencer suas bancadas federais a aprovarem o ajuste fiscal.
O ministro Aloízio Mercandante, da Casa Civil, durante à coletiva dada aos jornalistas no Salão Leste do Palácio do Planalto, disse que os grandes investimentos do BNDES e dos outros bancos públicos terão redução no subsídio e que isso só se resolverá no futuro a partir dos resultados do Ajuste Fiscal, fundamental, segundo ele para que o País volte a ordem e torne a crescer.
A Política Real questionou o Ministro Mercadante se os grandes investimentos, efetivamente, do BNDES, que historicamente opera com pouco mais de 12% do total de sua carteira no Nordeste, assim como o BNB, que não opera mais no PAC desde da “política econômica anti-cíclica” – só voltarão se os governadores apoiarem o ajuste fiscal, ele preferiu afirmar que outros bancos como o Banco do Brasil e a Caixa operam bem no Nordeste e que existem muitos projetos do BNDES para a região , que ainda não foram plenamente desembolsados, porém evitou dizer se eles avançarão antes do ajuste fiscal ser votado no Congresso Nacional. O Mercado da construção civil no Nordeste recuou fortemente com a paralisação dos empreendimento do Minha Casa, Minha Vida, operado pela CAIXA. Esta questão vem preocupando muito o governador Flávio Dino, do Maranhão.
Os governadores do PMDB, Jackson Barreto, do Sergipe, e de Renan Filho, de Alagoas, preferiram não participar da coletiva aos jornalistas. O governador da Bahia, Rui Costa, fez questão de afirmar que a polêmica aprovação do novo indexador das dívidas dos Estado por parte da Câmara Federal e que tende a ser aprovado no Senado Federal, na semana que vem, não foi tratado na reunião dessa tarde-noite. O governador de Pernambuco, o socialista Paulo Câmara, um especialista em finanças públicas, participou da coletiva mas não se manifestou – franziu a testa quando o governador petista da Bahia, Rui Costa, afirmou que a discussão do indexador da dívida, que aflige o Planalto, não é importante para os Estados do Nordeste. A Câmara Federal aprovou o novo indexador por 389 votos, uma votação considerada categorica.
O governador Wellington Dias, do Piauí, um dos mais experientes entre os governadores nordestinos e que defende uma uma “concertação política” que inclua Executivo, Legislativo e Judiciário para atender os Estados do Nordeste, não participou da coletiva. Ele defende que se apresse a solução judicial, hoje no âmbito do Supremo Tribunal Federal, para a nova divisão dos recursos do Pré-sal. Este tema não entrou nas prioridades administrativas e acabou não sendo tratado com a Presidenta Dilma
A Política Real apurou que houve um anti-climax entre os assessores dos vários governadores nordestinos de que a grande vitoriosa do encontro foi a Presidenta Dilma e que os governadores agora ficaram sócios do ajuste fiscal.
A Política Real questionou o líder do Governo na Câmara Federal, deputado José Guimarães(PT-CE), sobre este quadro de ganha-e-perde. Ele disse que haveria ganhos imediados e lembrou o “Cinturão das Águas”, no Ceará, um dos maiores programas hídricos do Nordeste à exceção da Transposição do São Francisco. Mercadante disse, aos jornalistas, que algumas demandas são imediatas e serão atendidas “porque são emergenciais”, citando como exemplo o combate à seca. “A melhoria da oferta de água é emergencial, já estamos fazendo e vamos acelerar”.
Ficou nítido depois de mais de 3 horas de um longo encontro no Planalto: Dilma Rousseff ganhou e os governadores nordestinos arrumaram mais problemas para cuidar.
Por: Genésio Araujo – Politica Real.