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2015
BRASIL- CORRUPÇÃO: Pedro Barusco desmente mídia golpista: “Eu não afirmei que o PT recebeu 200 milhões”.
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco reafirmou, na manhã desta terça-feira (10/3), em depoimento à CPI que investiga a corrupção na estatal, que começou a receber propina em 1997. “Foi uma iniciativa pessoal minha, junto com o representante da empresa (prestadora de serviço). De forma mais ampla, em contato com outras pessoas da Petrobras, [passei a receber propina] a partir de 2003, 2004″, afirmou o ex-gerente da petroleira.
Ele afirma que nunca precisou de contato ou indicação política para assumir cargos de gerência na petroleira. Disse ter ingressado na estatal, por meio de concurso público, em 1979 e conseguido o primeiro cargo de gerência em 1985. “Nunca tive contato ou indicação política”, diz Pedro Barusco. O engenheiro, é o primeiro convocado que comparece ao colegiado para prestar esclarecimentos.
Pedro Barusco detalhou que o esquema de corrupção envolvia ele próprio, o ex-diretor Renato Duque e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. “Gostaria de esclarecer essa questão de que acusei o PT de ter recebido R$ 200 milhões. O que eu disse é que estimava que o PT pode ter recebido isso. Se eu recebi, por que ele não poderia ter recebido? Cabia a mim uma quantia e cabia ao PT a outra quantia. Não disse se recebeu ou não recebeu. Se foi doação oficial eu não sei. Tinha uma quantia de reserva para o PT receber. Eu tenho conhecimento do que eu recebi”.
O ex-diretor riu ao ser questionado ser o pai do esquema de propina na Petrobras afirmando não acreditar nisso. “Os contratos não foram fechados por mim. Em relação a esse período, eu não vou tecer detalhes porque existe uma investigação em curso e não vou comentar esses detalhes”, esquivou-se. “A governança dos processos licitatórios é muito firme. O que havia era a formação de carteis externas. Havia contatos com dirigentes. Não acho que os problemas estão localizados nas comissões de licitação”, contou.
“Eu nunca paguei ou transferir recursos para ninguém. O que se fazia era prestação de contas. Tinha de ter um depósito. Eu recebia para mim e para Renato Duque, ninguém mais. O representante politico era feito no momento da divisão . Após a divisão, outro 1% era dividido metade para PT”, explicou. Segundo Barusco, participaram também de alguns esquemas Jorge Zelada e o sucessor dele, Roberto Gonçalves.
Comperj
Barusco afirmou que os gerentes e diretores tinham conhecimento do cartel das empreiteiras para elevar o preço das licitações. “A gente sabia que existia o cartel. Havia um aquecimento de mercado, muita obra e se colocou o pacote da Abreu e Lima no mercado. Tanto que a primeira licitação foi cancelada primariamente. Foi muito difícil negociar com a licitação para trazer os preços para dentro da margem. A gente sentiu a ação do cartel. Quando chegou no Comperj, a mesma coisa. As empresas vieram com preços absurdos, tipo o dobro. Até que demorou um ano para chegar e sentimos uma ação muito forte do cartel”.
Caminho sem volta
O ex-gerente alegou sentir-se aliviado com a repatriação dos bens desviados da Petrobras. “A gente começa a receber recurso do exterior e não tem volta. Hoje em dia com a transparência, é um caminho sem volta. No início tem uma fase feliz, depois vem o temor. Me sinto feliz em repatriar”, afirmou no depoimento aos parlamentares. Barusco contou que as obras eram orçadas em 20% acima do valor. “A Petrobras tinha costume de fechar contrato entre 85 e 120, se o orçamento era 100. Mas o cartel trabalhou fortemente para levar esse limite para um limite ainda superior”, disse.
Durante o depoimento, o deputado Altineu Côstes (PP-RJ) foi vaiado ao tentar falar do câncer de que Barusco sofre. O presidente Hugo Motta interveio e não permitiu comentários de questões pessoais. Altineu também questionou o porquê de o nome da empresa dele trazer o sobrenome da presidente Dilma Rousseff. Ele contou que a empresa já existia no banco afirmando ser mera coincidência.
Fonte: brasil29.com.br