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2014
CEARÁ – |OPINIÃO| Por Nilton Saraiva: ” Marina é a cédula de R$ 3,00.”
Com o título “Marina e a cédula de R$ 3,00″, o economista José Nilton Mariano Saraiva analisa a candidata a presidente da República pelo PSB, Marina Silva, e, principalmente, sua postura nos debates e entrevistas. Confira:
O eufemismo “falha processual na editoração” serviu de mote para que a candidata Marina Silva tentasse justificar modificações apressadas no seu programa de governo, recém-saído do forno. Só que, sabe-se agora, a “verdade verdadeira” é que tal decisão foi resultado do “puxão de orelhas” que um dos seus influentes apoiadores, o pastor Silas Malafaia, lhe aplicou, ao exigir, com prazo definido, que se retratasse publicamente no tocante à questão da comunidade LGBTs, modificando o que fora divulgado: “Aguardo até segunda-feira uma posição de Marina. Se isso não acontecer, na terça será a mais dura fala que já dei até hoje sobre um presidenciável.” (Coluna Elio Gaspari – O Velho na novidade de Marina). E assim, às pressas, e sem se importar com a (falta de) coerência, tudo foi refeito “vapt-vupt”, de sexta-feira para o sábado, de modo a que os ânimos serenassem.
A reflexão é só para demonstrar que inexistem “coerência” e “firmeza” na tal “nova” política da candidata Marina Silva, porquanto os métodos não diferem um milímetro dos aplicados na “velha” e tradicional política do “é dando que se recebe”. Afinal, a simples perspectiva de perder os votos das lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e transexuais (LGBTs), foi determinante para que logo logo à tona emergisse a “velha” política da conveniência e da oportunidade. Afinal, que “nova” política é essa que obriga a candidata a tentar, sem sucesso, equilibrar-se no fio de navalha, com receio de desagradar alguns (poucos) prováveis eleitores? E se alguém imagina que se trata de uma questão menor e sem importância, é bom que tire o cavalo da chuva, porque se houve tal “abertura” numa questão pontual, uma pergunta básica se impõe: como Marina Silva negociará com o “banco de reserva” do Congresso, quando as grandes questões da República forem postas, porquanto já disse e repetiu “ad nauseam” que não aceitará conversar com os adeptos da “velha” política?
Já na questão tida como a mais relevante – a economia, não é preciso se ser nenhum “expert” para constatar que uma possível vitória da ex-verde Marina Silva significará um imediato retorno ao modelo econômico vigente à época do governo FHC, com tudo de deletério que representou aquele sombrio período (os juros chegaram a 45%, lembram). É que o seu principal ideólogo-formulador é o economista Eduardo Giannetti, ligado historicamente ao PSDB, que tem repetido para quem quiser ouvir que o projeto econômico de Marina é basicamente o mesmo que o projeto de Aécio Neves. Lá, dito está, com todas as letras, que haverá um radical corte de gastos na área social, que a política do salário mínimo não mais contemplará ganhos reais, que a exploração do pré-sal não terá a relevância que tem hoje, que a redução do papel do Estado na economia será implementada de pronto (e aí, como conseqüência, medidas recessivas, desemprego e recessão) e por aí vai.
Alfim, o que se pode aferir do exposto no programa da candidata Marina Silva, é que a “nova” política anunciada por ela é tão verdadeira quanto uma nota de três reais (R$ 3,00). Valerá a pena pagar pra ver? Não se trata de um risco tão desnecessário quanto inoportuno ?
Post Scriptum:
A propósito: merece um prêmio aquele que tenha ouvido da candidata Marina Silva “respostas objetivas” sobre o que lhe é perguntado nos debates ou entrevistas nos telejornais. É um “enchimento de linguiça” sem fim.
* José Nilton Mariano Saraiva,
Aposentado do BNB – Economista UFC.