SOBRAL – Bispos do Ceará cobram mais ações do Governo contra a seca.

Postado por Bené Fernandes    Sem Comentários

Bispos das dioceses cearenses e representantes da Cáritas Regional Ceará cobram resoluções que priorizem a destinação da água para o consumo humano em comunidades afetadas pela seca. Ações emergenciais e estruturantes são propostas no Documento dos Povos do Semiárido Cearense, elaborado em maio e com atualização apresentada na manhã de ontem em coletiva de imprensa, na Casa de Encontro Maria Auxílio dos Cristãos, no bairro Cajazeiras. O texto será novamente encaminhado ao governador Cid Gomes (Pros) e ao secretário do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins.

“Parte das questões colocadas no documento ainda não foi atendida”, afirma Alessandro Nunes, assessor técnico da Cáritas Regional. Dentre as soluções urgentes, os representantes da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apontam a recuperação de poços profundos que já secaram e a renegociação de dívidas de agricultores familiares. “Por que não existe uma vontade política de atender primeiro as pessoas que sentem realmente a falta de água?”, questiona Dom José Haring, presidente da Regional Nordeste I da CNBB e Bispo de Limoeiro do Norte.

A cobrança por medidas governamentais deve ficar ainda mais evidente na pauta da Igreja Católica no Ceará, segundo o bispo de Iguatu, dom João José Costa. “A questão da seca não é novidade e temos que nos preparar para ela mesmo enquanto chove”. De acordo com o bispo, as ações existem, mas não têm sido suficientes. Ou prioritárias. Ele aponta que 32 comunidades rurais em Iguatu estão desabastecidas. “É considerada como uma cidade que tem água. Mas os pequenos açudes já secaram todos. O povo está passando fome”, alerta.

Dificuldades

A partir de reuniões e três seminários realizados entre os bispos do Ceará, dom José Haring aponta que comunidades de todas as nove dioceses enfrentam dificuldades com abastecimento. Para Haring, a gestão da água tem priorizado a indústria e o agronegócio em detrimento das localidades do Interior. “A água vai tranquilamente até o grande polo industrial do Pecém, mas é triste passar pelo Sertão de Inhamuns e Crateús e ver o sofrimento das pessoas”, relata. O bispo ainda alerta para a situação de escassez em localidades de Canindé, Sobral, Santa Quitéria, Potiretama e cidades do Vale do Jaguaribe.

Fonte: O POVO.