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2013
BRASIL – Delta é suspeita de desviar R$ 300 milhões de obras públicas, diz PF.
Ao menos R$300 milhões teriam sido desviados de obras públicas federais, estaduais e municipais pela empresa Delta Construção de 2007 a 2012, segundo informações divulgadas por investigadores da Polícia Federal nesta terça-feira (1º), durante ação para desmantelar o esquema. O alvo principal da operação é o empresário Fernando Antonio Cavendish Soares, dono da construtora.
Mais cedo, cerca de 100 policiais se mobilizaram para cumprir 20 mandados de busca e apreensão. Um deles aconteceu no apartamento de Cavendish, na avenida Delfim Moreira, na praia do Leblon, área nobre da zona sul carioca. O empresário, no entanto, não foi encontrado em casa.
Outros três mandados foram cumpridos na sede da empresa, no centro do Rio, e nos escritórios, em São Paulo e Goiânia. Foram apreendidos documentos, computadores, R$ 350 mil em espécie e três carros de luxo, sob suspeita de terem sido adquiridos com dinheiro ilícito.
Poucas horas após a deflagração da operação Saqueador, a PF pediu e a Justiça Federal concedeu o bloqueio dos bens do empresário Fernando Cavendish e de mais 10 outros envolvidos na operação. Todos os bens estariam avaliados em R$ 330 milhões, segundo a PF.
Entre os bens sequestrados há um BMW que pertenceria a Cavendish e valeria algo em torno de R$ 230 mil.
“Essa transferência [de verba pública] era feita pela Delta para contas de 19 empresas de fachada e possivelmente grande parte [do dinheiro] era sacado em espécie por procuradores dessas mesmas empresas de fachada”, disse o delegado federal Tacio Muzzi Carvalho e Carneiro, coordenador da operação batizada de Saqueador.
A polícia confirmou que até agora foi constatado apenas a transferência de verba da Delta para as empresas de fachada. O foco inicial da investigação é o crime de lavagem de dinheiro, mas o esquema inclui ainda formação de quadrilha, corrupção ativa, passiva e peculato.
“Com relação a essas empresas de fachada o que já se materializou na investigação é que a sede social não é compatível com o montante de recurso movimentado em suas contas correntes. Os sócios também não ostentam capacidade econômico financeira relativa ao volume de recursos transitado nessa conta e a maior parte nunca teve funcionário registrado”, afirmou o delegado em referência aos indícios de desvio de verba pública da Delta.
Investigação aponta que “há um grupo de 10 a 20 laranjas em comum” envolvidos no esquema. Essas empresas de fachada tinham registro na Junta Comercial, mas a maior parte não tinha sequer uma sede social real.
Os nomes das empresas de fachada e dos laranjas envolvidos não foram divulgados. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços comerciais e residenciais.
Segundo a PF, a Justiça autorizou o sequestro de bens no valor de R$ 330 milhões de Cavendish e outros dez investigados. O valor se aproxima do montante de recursos públicos que a polícia acredita ter sido desviado.
A perícia nas contas da Delta será feita in loco, seguindo um procedimento pouco comum. Os policiais vão ficar pelo menos 30 dias dentro da sede da Delta no Rio e na filial em São Paulo analisando planilhas, contratos e documentos.
RAIO X
A partir desta terça-feira a PF faz um “raio x” na empresa Delta. Durante todo o mês de outubro será realizada na construtora uma perícia contábil financeira para levantar mais provas de desvios.
Até o fim da tarde não havia informações sobre mandados de prisões expedidos pela Justiça.
OUTRO LADO
Em nota, a Delta Costruções afirmou que foi surpreendida pela operação policial nesta terça-feira já que está em recuperação judicial, homologada em janeiro de 2013 pelo juízo da 5ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio.
“Toda movimentação financeira e contábil da empresa é acompanhada e fiscalizada pela Justiça, Ministério Público e o administrador judicial Deloitte Touche Tohmatsu. A Delta afirma que todos os esclarecimentos serão prestados às autoridades competentes, contribuindo de forma plena com a investigação.”
Fonte: Folha.com