10
2013
CEARÁ – Falta d’água: Gonzaguinha e Frotinha apelam para carro-pipa
Segundo pacientes, o problema acontece desde o início do ano e piorou com as obras do entorno do Castelão.
(Pediatria do Gonzaguinha da Messejana – Fortaleza-CE.)
Não bastam a falta de médicos ou sérios problemas de infraestrutura, agora, a saúde pública de Fortaleza enfrenta um novo desafio: funcionar com o comprometimento no fornecimento de água. Unidades como o Hospital Distrital Gonzaga Mota (Gonzaguinha de Messejana) e Hospital Distrital Edmílson Barros de Oliveira (Frotinha) sabem bem o que é isso e tentam driblar mais esse drama apelando para carros-pipas ou investindo em novas cisternas. Na sexta-feira, foram enviados 8 mil litros de água em carro-pipa para o Gonzaguinha.
Com a suspensão no abastecimento, no Gonzaguinha de Messejana, pacientes se viram como podem, comprando água, levando de casa em garrafas ou fazendo asseios com soro fisiológico.
O problema se agravou entre quinta-feira e sábado passados e piorou muito depois do vazamento de uma das adutoras da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) que deixou 13 bairros sem água. Na manhã desse domingo, após a passagem do carro-pipa, a situação melhorou.
No Gonzaguinha de Messejana, pacientes se viram como podem. A dona de casa Maria do Socorro da Silva Ribeiro conta que precisou comprar água para banhar a irmã, Francisca, internada na unidade há três dias. “Quando ela chegou aqui, estava sangrando e precisou utilizar soro para fazer sua higiene e ir para o Centro Cirúrgico”, conta.
Bebês
Socorro diz, ainda, que até os bebês internados passam mais de dias sem tomar banho. “Quando as mães podem, compram água mineral para isso”, afirma.
A diarista Maria Zulene Alves Ferreira garante que o problema não é recente. “Em março, estive acompanhando minha outra filha e não tinha água para nada. Agora, arrumei umas garrafas, vou para casa diariamente para reabastecê-las”, frisa.
Indignado com a situação, o empresário Flávio Timbó denunciou a questão na Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB/CE). O presidente da comissão, Ricardo Madeiro, entrou em contato com a direção das unidades. Conseguiu falar com o diretor do Gonzaguinha de Messejana, Eron Moreira.
Ele reconheceu os problemas do Gonzaguinha, entre eles, banheiros sem ralo, vasos sanitários sem tampa, sujeira ou falta de manutenção, e explicou que tomou posse há um mês e, de lá para cá, vem tomando algumas medidas urgentes. Uma delas é a construção de uma nova cisterna. “A antiga tem 27 anos de existência e só tem capacidade de 11 mil litros de água, o que é quase nada pelo número de pessoas que atendemos mensalmente”, explica Eron Moreira.
Segundo ele, como é um projeto emergencial, a licitação foi liberada. “Por isso, acredito que até a próxima semana estaremos iniciando a obra. A nova cisterna terá capacidade para 40 mil litros de água, o que alivia bastante a situação”, avalia.
Unidades
A unidade atende, em média, três mil pessoas por mês. O Gonzaguinha de Messejana é unidade de referência na assistência materno-infantil e atende ginecologia, obstetrícia, cardiologia, mastologia, geriatria e pediatria, além de serviços em endocrinologia, pneumologia e traumatologia e ortopedia.
A direção do Frotinha de Messejana não atendeu a reportagem do Diário do Nordeste. No entanto, o próprio Eron Moreira confirmou a falta de água também nessa unidade.
Cagece
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou que, no dia 4 de junho, houve um rompimento na obra da linha de reforço de Messejana. Para o reparo da tubulação, o abastecimento teve de ser paralisado das 10h às 16h. No dia seguinte, o consórcio responsável pelo alargamento do Anel Viário rompeu uma adutora que fica localizada em frente ao cemitério Jardim Metropolitano. Assim, a Companhia teve que fechar a linha que atende Messejana para retirar o vazamento. Os incidentes geraram 2 dias de falta de água. Os reparos nas tubulações foram concluídos na última quinta-feira.
(Diário do Nordeste.)