maio
24
2013
24
2013
ARTIGO – A situação da policia dentro da realidade da Segurança Pública do Ceará.
Postado por Bené Fernandes
Sem Comentários
Um problema se desenha na espinhosa realidade da Segurança Pública do Estado do Ceará. E nós, a sociedade, poderemos pagar caro por tudo isso. O destempero de alguns ligados ao Governo do Estado, podem causar um mal estar sem precedentes, e o pior, vitimando inocentes, que tende a ser os fragilizados alvos nessa “guerra de poder”. Os bandidos já sabem da insatisfação reinante dentro da polícia e botam prá quebrar… Leia abaixo um belo artigo escrito por Eliomar de Lima, colunista político do Jornal O POVO.
“A tensão crescente entre o governo estadual e o movimento reivindicativo de segmentos da Polícia Militar (PM) é o elemento mais preocupante da realidade política, neste momento, no Ceará (sem prejuízo das preocupações com a seca).
Ninguém ignora que a questão policial tem sido o calcanhar-de-aquiles da redemocratização do País. As corporações policiais dos estados brasileiros não acompanharam a transformação que levou o País a ter, pela primeira vez na história republicana, uma democracia plena. Nesta, as corporações policiais devem ser coerentes com a natureza civil da função policial. Contudo, um poderoso lobby, na Assembleia Constituinte, ainda impregnado pela cultura autoritária da ditadura, impediu a adequação da PM à nova realidade. Hoje, a sociedade paga por isso.
A PM é formada ainda dentro da visão militar de “combater o inimigo”, e não de servir ao cidadão. Só uma reforma profunda que erradique a natureza militar da PM resolverá essa discrepância.
Pelo fato de a estrutura da PM ser militar, tudo deve ser tratado de forma hierarquizada, e qualquer insatisfação da tropa é objetivamente encarada como motim. Não há como não ser. No entanto, se a instituição fosse civil, a natureza do conflito seria perfeitamente absorvível.
No ano passado, esse conflito chegou às raias da ruptura, pondo a cidade em polvorosa. Para evitar uma tragédia (e depois de verificar a existência de distorções estruturais reais e de erros político-administrativos), representantes da sociedade civil intermediaram uma solução política já que a situação chegara a um ponto extremamente perigoso. Naquela altura, insistiu-se no restabelecimento do diálogo como a ferramenta de solução própria da democracia.
Resolvido o impasse, insistiu-se para que no futuro a questão não fosse vista apenas de forma reativa, mas houvesse empenho dos responsáveis em entender sua complexidade, que vai muito além do simples acionamento disciplinar e jurídico (embora estes sejam indispensáveis como balizas da solução).
Se não houver essa percepção, as soluções serão aparentes. Isso tudo é exigido até que cheguemos a uma solução definitiva: uma polícia única e de natureza civil (sendo a parte ostensiva fardada, e a parte judiciária sem farda).“
Editorial O Povo, 17.05.2013.
Postado por: Sobral Agora.