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2012
Pelotas elege tucano de 27 anos e pinta de galã.
Há uma semana, Fernando Henrique Cardoso foi à urna como um jogador que entra no gramado para cumprir tabela. As pesquisas davam à disputa de São Paulo ares de jogo jogado. E o presidente de honra do PSDB parecia conformado com o veredicto: “A renovação é necessária sempre. E o Brasil está mostrando isso mais uma vez hoje”, disse.
Para FHC, o PSDB “precisa de renovação”. Ele acha que “o momento é de mudança de gerações”. Os “antigos líderes” não precisam deixar palco. Mas “têm que empurrar os novos para a frente”. Derrotado pelo petista Fernando Haddad, 49, José Serra, 70, não gostou do que ouviu.
NOS PAMPAS…
Longe da cena paulistana, na cidade gaúcha de Pelotas, os eleitores consagraram um político do PSDB que é o protótipo da evolução geracional preconizada por FHC. Chama-se Eduardo Leite. Virou prefeito com escassos 27 anos. Eduardo é um tucano de mosturário. Respira política em casa desde criança. O pai, fundador do PSDB no município, concorrera a prefeito na década de 80. Em criança, Eduardo divertia-se assistindo à propaganda eleitoral. Via na tevê e, fascinado, revia várias vezes em videocassete.
Aos 16, Eduardo tirou o título de eleitor e filiou-se ao PSDB. Em 1994, visitava amiúde o comitê eleitoral do candidato à Presidência Fernando Henrique em Pelotas. Quando fez aniversário de 19 anos, candidatou-se a vereador. Obteve uma suplência. Dali a quatro anos, em 2008, elegeu-se titular.
Vai à cadeira de prefeito, em janeiro de 2013, com 110.823 mil votos. “Quero ser o prefeito da saúde”, diz o neo-administrador. “Isso envolve fazer com que os postos de saúde tenham médico. Pelotas perde profissionais por causa da baixa remuneração…”
No gogó, Eduardo lida bem com a pouca idade: “Sempre refutei qualquer tentativa de me colocar como pior por ser jovem, não foi a idade o tema central desta campanha eleitoral. O que eu consegui demonstrar, e que é próprio da juventude, foi a vontade, a disposição, a capacidade de se indignar com as coisas, esse inconformismo.”
Tomado pela aparência, Eduardo não faria feio como galã de novela. Durante a campanha, os adversários lançaram contra ele o slogam “beleza não se põe na mesa”. O tucano dá de ombros: “Não me considero nenhum exemplar de beleza. Também não acho que seja feio.”
Eduardo acha que sua aparência acaba sendo realçada por “não corresponder ao estereótipo do político padrão e tradicional, que são pessoas com mais idade e com outro tipo físico.”
Por: Josias de Sousa
Fonte: Sobral Agora.