maio
1
2017

SOBRAL – Recordando meados dos anos 80: Poema do “Amor Militante”.

Neste 1º de maio, vasculhando nossos arquivos pessoais, recebi de presente de Julia, um poema, que confesso não saber o autor, mas que durante muito tempo foi um combustível na nossa luta de militante partidário da verdadeira esquerda do Brasil, em meados dos anos 80. Muitos dos que estiveram ali, já não contam a mesma história.

“O POEMA DO AMOR MILITANTE”

“Em pouco tempo companheira, uma pátria seria ultrajada e o POEMA que agora te dedico não sairia. O jornal de protesto seria recolhido, atirado na rua, manchado com o sangue do guerrilheiro.

Em pouco tempo, numa rua qualquer de New York, uma madame passearia com seu cachorrinho capitalista, enquanto um cidadão negro seria atado a limosine oficial do governo Sul Africano e arrastado pelo centro de Joanesburgo.

Em pouco tempo, haveria traidores atrás do poema de amor feito por mim ou um outro qualquer. O povo retiraria as sandálias e caminharia em segredo, parindo filhos sobre brasas, por mais vinte e tantos anos.

Em pouco tempo, os miseráveis a rigor, aumentariam impostos, forjariam decretos e em nome do progresso humano, sentenciariam a selva amazônica a devastação e a pilhagem.

Em pouco tempo, um novo mapa político brasileiro, seria a pata devastadora do FMI, impressa nos atos escolares. Vejam bem, meu POEMA seria inútil, impotente.

“Ilmº Sr. poeta Marcos Vinicius de Melo Morais, Eu, Rato domiciliado nos esgotos deste país, venho mui respeitosamente, solicitar à V. Sia., que se digne de reconhecer que a beleza da MULHER não está no corpo e mais especificamente, o amor a Ela dedicado, não vem nas exaltações de poemas estrábicos, conchavados, nos teoremos sobre caras belas e bundas torneadas. Neste termos, peço deferimento, e continuo com meu poema em desafio aos esteticistas.

Amor, é nossa presença nas greves, está na palavra de ordem na porta da fábrica, barrando o caminho da exploração, que vem sempre vestida em verde e amarelo.

Está nos olhos lagrimejantes e respiração contidas pelo gás lacrimogênio, no café limpo e seco, quando muito se  tenha.

Amor não está nos quartos de motéis, na primeira comunhão ou no casamento. Está no amido do levante popular, na luta contra a hora extra não remunerada, contra o preço dos cereais, contra o não vendemos fiado, contra o não há vagas, contra o ordinário marche…

Em fim companheira, o poema de amor que posso te dar, está na revolução adormecida e jogada sobre nossa mesas, como um gigantesco urso no inverno. É o amor pulsação, nos olhos de militantes, tentando rebentar a própria composição da cachaça com coca-cola.

Amor que nos crispa os dedos como aos antigos Cowboy na hora do duelo. Amor que tece uma canção metálica do cajado de Antonio Conselheiro ao canto do Uirapuru no baixo Araguaia. Amor mágica, que os galhos da gameleira, o Homem e o fuzil fez a gestação de mais um ato de liberdade.

Vivas á Liberdade!!! “

Neste 1º de Maio, um dia de reflexão sobre a nossa vida. Para onde queremos chegar e o que deixamos de fazer para que nossos jovens fossem tão fragilizados nos dias de hoje. 

About the Author: Bené Fernandes

Radialista com mais de 25 anos de militância em Sobral(CE), e agora Jornalista Profissional, sob o Registro- 01657 MTb - datado de 23/12/2004. Trabalho atualmente na Rádio Paraíso FM-101,1 Mhz, onde apresento o Programa HORA DA NOTÍCIA - no horário de 11hs ás 13 horas. Nas tardes da Paraíso FM levo alegria de descontração no Programa FORRONEJO de 15hs ás 17 horas. Se ligue com a gente e venha curtir o melhor da informação e do entretenimento musical.

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